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Uma aventura pelo deserto do Atacama, no Chile
Tinha marcado uma viagem para o Chile, no dia 7 de fevereiro, por ocasião do meu aniversário. Infelizmente, não foi possível, mas no último dia 21, partimos para San Pedro de Atacama, para visitar o deserto do Atacama. Essa ida foi programada após ter lido uma reportagem, escrita por um casal de jornalistas, que para lá partiu, como turista. Segundo eles o local era lindo e cativante e resolvi comprovar a veracidade dos fatos.
O Atacama tem uma superfície de 105 mil quilômetros quadrados, a 2.400 metros acima do nível do mar, espremido entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico e a temperatura pode variar do zero a 40 graus num mesmo dia. No entanto, como em toda área desértica, seus dias são quentes e as madrugadas frias. Durante nossa estadia de cinco dias, pegamos 28 e 13 graus, respectivamente. É bom lembrar que há passeios nos quais os turistas podem chegar a uma altitude acima de quatro mil metros e aí a temperatura pode cravar 10 graus negativos. É considerado o deserto mais alto do mundo e também o mais seco.
San Pedro de Atacama é uma cidade com cerca de dois mil habitantes e, por estar numa região inóspita, é considerada um oásis. Apesar de pequena, tem uma rede hoteleira importante e recebe turistas do mundo inteiro. Mas, de acordo com o guia de uma das excursões que fiz, neste final de março, encontravam-se por lá muitos franceses, americanos e brasileiros. A região, no entanto, não pode ser rotulada de turística, pois apesar de muitos restaurantes e hotéis, suas atrações estão no deserto. Por isso, o turista que vem para cá tem de gostar de caminhar, apreciar a natureza e curtir as coisas rústicas e sem sofisticação. Aliás o que não falta é o que fazer.
Fizemos vários passeios, todos mostrando uma beleza diferente do que conhecemos até agora, pois estão num ambiente inóspito, seco e muitas vezes muito frio. Fez parte do roteiro uma cordilheira de sal, o Vale do Arco-íris com pedras de coloração esverdeada, brancas, cinzas e marrom avermelhadas. Segundo nosso guia, as diferentes tonalidades são resultado da concentração maior ou menor de determinados minerais. A forma das pedras é fruto da intensidade do resfriamento das lavas expelidas pelos vários vulcões que existiam na região.
Próximo ao vale está a localidade de Yerbas Buenas, com seus vários “petroglifos”, que são figuras gravadas na pedra pelos indígenas argentinos e dos altiplanos bolivianos, em seu deslocamento em direção ao Oceano Pacífico. São figuras ruprestes (arte da pré-história) de macacos, lhamas e aves. No entanto, o passeio mais famoso e concorrido é a visita aos Geysers del Tatio. Situado a uma altitude de 4.300 metros, numa temperatura que pode variar de zero a 20 graus negativos, dependendo da estação do ano, esses buracos jorram vapores, água que pode atingir os dez metros de altura, numa temperatura de 85 graus centígrados.
Ele é o terceiro maior do mundo, ficando atrás do situado no Parque Nacional do Yellowstone, nos Estados Unidos e do Vale dos Gêiseres, na Rússia. Antes de sair do hotel, tomei um chá de coca e chupei duas balas da mesma substância, de maneira que não senti nenhum dos efeitos das altas altitudes. Os indígenas dessas regiões costumam mascar folhas de coca, com o mesmo objetivo. O deserto do Atacama é um espetáculo à parte e que vale a pena ser visitado. É um acontecimento raro, daqueles para jamais serem esquecidos.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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