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O governo pode ser novo, mas o Brasil continua o mesmo
Ainda não se completaram 30 dias do novo governo, mas parece que o país continua tão bolorento como antes. Jair Bolsonaro, é preciso ter isso sempre em mente, foi eleito por mais de 50 milhões de eleitores que vislumbraram, em sua campanha, a possibilidade de se colocar o Brasil nos trilhos, de novo. Esses eleitores já não aguentavam mais quase 15 anos de corrupção, desmoralização da classe política, de desmoralização da nação brasileira diante da comunidade internacional.
Bolsonaro começou muito bem, diminuindo o número de ministérios, prova maior do compadrio dos governos anteriores, principalmente com a indicação de ministros com conhecimento da área para a qual estavam sendo indicados. O objetivo era acabar com a velha prática do toma lá da cá, daí não haver consulta a partidos, nem a senadores, deputados ou governadores. O objetivo maior é que os novos ministros tenham isenção na hora de tomar decisões, sem ter de satisfazer esse ou aquele.
O próprio decreto que devolveu a possibilidade da população ter acesso a armas de fogo, veio em boa hora, pois esqueceram de falar para os marginais, que era ilegal a compra e a manutenção de pistolas, revolveres ou fuzis. O cidadão ficou completamente à mercê desses facínoras, sem nenhuma chance de reação. A posse da arma dá ao cidadão a possibilidade de se defender, se ele julgar conveniente ou estiver em condições de fazê-lo. Aliás, era uma promessa de campanha.
Mas, nem tudo é perfeito e Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo PSL, ameaça por tudo a perder. Tanto deve ter culpa no cartório, no imbróglio Fabrício Queiroz, que ao invés de tentar se explicar, buscou abrigo no STF, numa suposta alegação de foro privilegiado. Esqueceu que quando a notícia da movimentação suspeita, no valor de R$ 1.200.000, na conta de seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro foi feita, a sua homologação como senador da República inexistia e que tal fato é anterior à eleição.
Além disso, foram descobertas movimentações de R$ 96 mil, em 48 depósitos de R$ 2 mil. Esses valores podem ser explicados, pois não são rastreados pelo Banco Central, somente os acima de R$ 5 mil. Sem falar na movimentação de R$ 1 milhão saídos, também, de sua conta bancária. Segundo ele, tudo foi fruto da compra de um imóvel. Isso tem de ser provado se não pode parecer manobra para ludibriar a Receita Federal.
No entanto, é uma prática antiga nas câmaras de deputados estaduais e federais Brasil afora e, mesmo, em câmaras municipais, a contratação de assessores, em carne viva ou fantasmas. É sabido também, que uma parte do salário desses funcionários, em média um terço, vai para a conta do contratante. É interessante notar que as movimentações na conta de Fabrício ocorreram sempre dias após o pagamento dos proventos dos funcionários da casa. Se esse não é o caso, tem de ser divulgado, de uma maneira crível. Alegar venda de carros é querer zombar do cidadão brasileiro.
Flávio Bolsonaro tem que ter a consciência de que os abutres estão voando em cima da carniça, principalmente quando os seus interesses estão sendo contrariados. Não vi, até agora, nenhum comentário dessa nossa imprensa tendenciosa, elogiando medidas já tomadas. São só críticas, reprimendas, deboche mesmo. Ora Flávio Bolsonaro, só um alienado, coisa que tenho certeza de que você não o é, agiria como você o fez. Pedir foro privilegiado, tentar anular as provas que foram levantadas pela Coaf, achar que o povo é ignorante, principalmente os que elegeram seu pai, é muita falta de tato. É total desconhecimento de que a sociedade mudou e para melhor.
Aliás, com que cara você vai participar do combate à corrupção, outra promessa de campanha do presidente, se você está no centro de um imbróglio que nos remete a um passado não tão longínquo assim, em que essa prática era comum?
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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