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Setembro Amarelo
As campanhas em decorrência do Setembro Amarelo e a prevenção do suicídio, que são enfatizadas por esses dias me chamaram atenção por um aspecto especial, que vai além das nobres iniciativas. O reconhecimento da necessidade de se conversar sobre o tema é latente. As redes sociais estão fartas de publicações sobre o assunto, em que pese competirem com um tema imbatível no momento que é a política e as eleições que se aproximam. Mas a questão é: quantos de nós, efetivamente, têm posturas ativas para ajudar pessoas próximas que estão vivendo tempos sombrios, cujas almas clamam por apoio ? Quem de nós consegue enxergar as mensagens subliminares que chegam e passam despercebidas como se não fossem sinais? Quando percebemos mas nos sentimos impotentes em ajudar? Pedimos ajuda? Oferecemos ajuda ?
Ainda hoje li alguns depoimentos, em uma revista, de pessoas cujas ideias fixas passavam por desejar o fim da própria vida. Senti-me muito mal. Pus-me a refletir sobre o tanto de oportunidades que já devo ter perdido para ajudar alguém, por falta de tempo, de informação ou mesmo de coragem. Digo coragem pois há que ser valente para adentrar o mundo daqueles que sofrem e estão sós. E como isso pode ser importante. Nas entrevistas a que me referi, reparei em algumas coisas que podem não ser indícios, mas me pareceram. Os olhares. O sentimento de impotência. A percepção de solidão, de não pertencimento. A sensação de beco sem saída. A falta de sentido.
Aliás, não sei se faz sentido o que agora escrevo. Não tenho a menor expertise para tratar do assunto. Mas tendo alguma sensibilidade e compaixão, é possível perceber quem precisa de mãos estendidas em sua direção. Alguém que esteja no degrau de cima e que possa puxá-la. Que enxergue a luz no fim do túnel e possa guiá-la na direção certa. E oferecer apoio. Ampliar a rede. Buscar ajuda profissional. Cuidar.
É preciso falarmos sobre prevenção de suicídio o ano inteiro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de oitocentas mil pessoas cometem suicídio anualmente. Essa realidade é chocante, triste e estarrecedora. Enquanto sociedade, deveríamos nos mobilizar mais, e mais. Tanta energia coletiva sendo desperdiçada com bobagens, com discussões sem fim, com guerra de egos. Prevenção de suicídio é uma questão de ordem. E de honra. Milhares de pessoas estão ceifando suas vidas. E milhares de outras estão na internet discutindo o conto-da-carochinha. Enquanto isso ... estamos morrendo. Pois a cada ser humano que tira a própria vida, é toda a humanidade que está sucumbindo. Precisamos estar atentos. E fortes.
Reflexão da semana:
“A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.”
Augusto dos Anjos
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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