Brancos, nulos e abstenções

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Pelos próximos meses, a jornalista Laiane Tavares assina a coluna no lugar do titular Wanderson Nogueira. A Justiça Eleitoral determina que candidatos nas Eleições 2018 não podem apresentar, participar ou dar nome a programas de rádio e TV. A regra não se aplica aos órgãos impressos. Mesmo assim, o colunista e A VOZ DA SERRA, em comum acordo, optaram pela alteração neste período. Wanderson Nogueira volta a assinar o Observatório em outubro, após o período eleitoral.

 

Hoje é dia

  • do aviador naval
  • do caixeiro viajante
  • do ferroviário
  • da injustiça
  • da intendência da Aeronáutica
  • internacional em memória da escravidão e da abolição

O dia

Em 23 de agosto de 1990, as Alemanhas Oriental e Ocidental anunciaram sua união, que aconteceu em 3 de outubro do mesmo ano. O país tinha sido dividido entre as duas grandes potências mundiais: os Estados Unidos e a União Soviética.

Observando...

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Palavreando

“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.
(Clarice Lispector)

Brancos, nulos e abstenções

Quem são? Onde vivem? Como se alimentam? Vale um Globo Repórter só para responder algumas perguntas fundamentais acerca dos brasileiros que figuram nos índices de pesquisa das eleições nas porcentagens divididas entre brancos, nulos e abstenções.

São pessoas que se dizem indignadas com a política, decepcionadas e desmotivadas e, por isso, fizeram a pior escolha possível: não escolher. São grupos que, no decorrer da história da humanidade, sempre existiram. Até Platão tinha uma frase para eles em sua época. Você já deve ter lido por aí ‘Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam’.

Fique de olho, provavelmente essas pessoas passarão os próximos quatro anos reclamando da política, dos políticos, do país e do estado. Se recusando a participar, conservam uma falsa sensação de isenção da culpa. Foram sempre os outros que ferraram com o país, nunca eles. Pode procurar, não tem um só voto deles que tenha legitimado qualquer governo. Afinal, não votam.

É a ilusão da recusa-protesto. É quando você sente que tudo está errado, que as coisas não melhoram nunca e que uma andorinha sozinha não faz verão, por isso, não dá um passo. E essa imobilidade vai contagiando, de repente, nos seus grupos sociais, todos estão imóveis. Ninguém se mexe. Na casa, idem.

E aí, quando você percebe, são milhões de indignados em recusa, você não está mais sozinho, é tanta andorinha que dava até para antecipar o verão. Mas se não andam, tampouco voam.

Apesar de sempre ser assustador, o número de pessoas que se encaixa nesse recorte permanece na margem histórica acompanhada a partir da redemocratização. Ocorre que em uma eleição fragmentada como esta, a cidadania de cada indivíduo tem a possibilidade real de fazer toda a diferença.

Quem não participa, já está participando, só que não por seus próprios sonhos e anseios, mas pelo espaço que concede através do vazio não ocupado. É simples de analisar, se você parou, por que acredita que o Brasil vai andar? Você não sabia? As pessoas são o país. Talvez, por todo este tempo, tenhamos sido apenas o resultado da recusa de quem decidiu não decidir.

O feminicídio no Brasil

Um levantamento da Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, demonstra que cerca de dez mil mulheres foram vítimas de feminicídio ou tentativas de homicídio por motivações relacionadas ao gênero nos últimos nove anos. Desde 2009, a central registrou denúncias de morte de pelo menos 3,1 mil mulheres e outras 6,4 mil foram alvo de tentativa de assassinato. O pico de registros ocorreu em 2015, ano em que o feminicídio foi incluído no Código Penal brasileiro como qualificador de homicídio e no rol de crimes hediondos.

Números subnotificados

Apesar de assustador, o número levantado através dessa interação direta com a central de atendimento à mulher, é ainda muito inferior a realidade. Isso ocorre porque a maioria das vítimas de feminicídio no Brasil ainda desconhece a iniciativa, ou sequer tem a oportunidade de pedir socorro. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2016, cerca de 4.635 mulheres foram mortas por agressões, uma média de 12,6 mortes por dia.

Você pode ajudar

Muitos desses casos de feminicídio poderiam ter sido evitados, se pessoas que presenciam ou tem conhecimento de práticas de violência contra mulher em algum ambiente, auxiliassem através da denúncia. Interrompendo um ciclo de violência, damos a vítima uma nova perspectiva para sua autopreservação. O Ligue 180 pode ser acionado em todo território nacional e em mais 16 países. A denúncia pode ser feita anonimamente, ou seja, você não se compromete ou assume um risco, e ainda pode ajudar a salvar vidas de mulheres que ficam desprovidas de coragem para fazer essas denúncias. A sociedade precisa se unir para criar uma rede de amparo que coloque de uma vez por todas um ponto final à essa conduta. É pela vida das mulheres e pela possibilidade de nossas crianças crescerem em um Brasil mais seguro dentro e fora de casa.

Foto da galeria
#OmelhorFrioDoRio - A cidade e suas luzes, no registro de Cadu Coelho compartilhado na página oficial do Instagram da campanha ‘O melhor frio do Rio’.
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Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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