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Paradigmas do profissional do século 21 - A visão global (Parte 2)
Na verdade, desde os tempos dos romanos que havia uma tentativa de globalização do Mediterrâneo e da Europa; os maometanos fizeram a mesma coisa, imitando os antigos persas; Gengis Khan procurou o mesmo, perdendo-se por falta de comunicação. As companhias das Índias Orientais e Ocidentais procuraram as mesmas coisas, tanto quanto o império inglês, que, ao tempo da rainha Vitória, só na África, tinha um corredor de domínio que ia do Cairo até a cidade do Cabo, na África do Sul. Quando, após a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, os americanos e russos dividiram o mundo em duas partes, seguindo mais um conceito maniqueísta e cartesiano de divisão – e, mais, de divisão entre o bem e o mal, a situação ainda ficou sob controle. Mas, após a queda do muro de Berlim e com a disseminação dos meios de comunicação – impedindo a censura –, como o fax, a Internet e as outras comunicações via satélite chegou-se à comunicação inalâmbrica (sem fio) nesta virada de século, e a aldeia global de McLuhan tornou-se uma realidade. Por tudo isso, fatos do oriente afetam o ocidente de imediato, peças são compradas em todas as partes do mundo, para serem reunidas em um determinado carro “mundial”, em qualquer parte. Com isso, criou-se uma realidade, fruto de uma correlação de forças, chamada “globalização”.
É evidente que os mais ricos e que mais produzem conhecimento levam vantagem. Os que ainda não conseguiram superar as barreiras do analfabetismo absoluto e funcional, que não disseminaram a educação, terão grandes dificuldades. Além disso, e por causa do processo novo que se instalou, não se consegue mais aumentar o “bolo econômico”, como antes se fazia, e muito menos dividi-lo, como nunca se fez bem, pelo menos no Brasil. Portanto, essa visão global só pode ser enfrentada com um choque de “mais educação”, mesmo que alguns políticos pensem que perderão seus mandatos porque a população estará mais esclarecida.
Isso é verdade e os políticos que se cuidem! No entanto, algumas correntes que defendem o isolacionismo, se acaso chegarem a algum governo, levarão em pouco tempo o país ao caos, porque não se consegue viver mais, pelo menos nos moldes industriais, da forma como se apresentam, sem o engajamento no mundo globalizado. Tudo é beleza? Nem tanto. Essa sociedade de visão global é, ao mesmo tempo, uma sociedade que criou condições de saber quase tudo em nossas vidas, e capaz de vasculhar nossas contas bancárias, nossas empresas e, se não tomarmos cuidado, continuará, cada vez mais a inculcar ideias que atenderão a alguns interesses por intermédio dos meios de comunicação.
Mas não podemos, pelos erros de um sistema, desprezar os seus valores; o que precisamos é disseminar a educação, sobretudo uma educação que leve à análise e à avaliação, para facilitar o discernimento. Se soubermos ensinar os alunos e a sociedade a discernir entre o que serve e o que não serve, estaremos ensinando a convivência dentro dessa nova sociedade, exigente em rapidez, fluida em atitudes e massificante na informação, embora estejamos sedentos por conhecer.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
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