Greve dos caminhoneiros entra em sua segunda semana

Desde o último dia 22 que o Brasil convive com a maior greve de caminhoneiros de que se tem notícia, com paralisações em 22 estados, impedindo a circulação de combustíveis, gêneros alimentícios, medicamentos, insumos e tudo que se possa imaginar fazer parte do cotidiano da vida moderna.  O motivo de tal blecaute é o aumento quase que diário do combustível, principalmente do óleo diesel, alimentador maior da frota transportadora brasileira.

É importante assinalar que nenhuma paralisação dessa magnitude é gestada do dia para a noite e, hoje se sabe, que em três momentos distintos, o governo foi alertado sobre o problema enfrentado pela categoria. Tudo bem que só um terço de nossos motoristas é autônomo, mas um terço de muito, muito é. Além do mais, as empresas transportadoras também sofrem os efeitos de tal política da Petrobrás, com aumentos quase diários dos combustíveis seguindo a cotação internacional do barril de petróleo e do dólar, pois fica difícil prever o preço do frete que, aliás, é controlado pelo governo.

A primeira dessas comunicações foi em novembro do ano passado. Mas o que esperar de um presidente despreparado para o cargo, enfraquecido politicamente e enfrentando uma das maiores taxas de desaprovação que se tem notícia. Nem Dilma, com toda insensatez que norteou seu governo, conseguiu tal proeza.

Desde a semana passada falta tudo nesse país, desde produtos básicos até atitudes firmes e convincentes de nossas “autoridades”. Na última quinta feira, 24, já prevendo o caos nos aeroportos, deputados e senadores simplesmente abandonaram Brasília, retornado a seus redutos eleitorais. Dane-se o país e seu povo. O presidente do Senado, Eunício Oliveira não compareceu a uma rodada de negociações com os líderes do movimento, pois tinha viajado, num avião da FAB, para Sobral, no Ceará, onde fora participar da inauguração de obras da rede de esgoto, abastecimento de água, drenagem, iluminação pública e segurança. Isso tudo, já visando as eleições de outubro.

O país e seu povo que se danem. Voltou às pressas para a capital federal, gastando mais combustível, ao ser alertado da inconsequência de seu ato. Mas, o que esperar de indivíduos que mesmo desprezados pela maioria daqueles que pensam de maneira coerente, se sentem intocados, verdadeiros querubins, no mau sentido da palavra.

O mais grave e, essa para mim é a consequência mais nefasta da ditadura de 1964, é a falta de liderança competente e rejuvenescida que nos assola. Ao sufocar as lideranças estudantis, os chefes revolucionários mataram, no nascedouro, os futuros líderes do país. A decadência do ensino brasileiro completou a obra. Com raras exceções, o bolor é a tônica na capital federal.

Não creio que nosso presidente ainda tenha coragem de falar mais em cadeia nacional. É um presidente completamente desmoralizado, sem o respeito que o cargo merece tanto da parte de seus correligionários como da população, despreparado, que deixou o país à deriva e nas mãos de uma categoria. Os caminhoneiros mostraram como são imprescindíveis e como nós somos dependentes do seu trabalho e que sem eles, o país para.  

Mas, a incompetência não é apanágio só de Temer. Vejam bem, muitos proprietários de veículos já estão em pane seca, várias capitais e cidades do interior com todos os postos fechados, sem combustível, e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) manteve a rodada do final de semana, do campeonato brasileiro. Com a certeza de que os estádios estariam cheios, cheios de .....lugares vazios.

Tiro o meu chapéu para vocês, caminhoneiros, pois fizeram o que a sociedade brasileira gostaria de fazer e não tem coragem. Espalharam de norte a sul e de leste a oeste a incompetência de uma classe política ineficiente, corrupta e sem compromisso com aqueles que os elegeram. Não deixaram as ridículas bandeiras vermelhas tremularem em seus piquetes e não permitiram que políticos e movimentos sociais se apossassem do seu movimento, verdadeiros papagaios de pirata. Só parem a greve com todo o prometido sacramentado e assinado, pois já vi ministro, no dia seguinte ao acordado, não cumprir o prometido com a cândida desculpa de que palavras o vento leva.