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Fechamento da Via Expressa tumultua o trânsito de Olaria
Acho que pão e vinho para o povo é uma tradição milenar dos governantes; assim a população se diverte e deixa, momentaneamente, as críticas de lado, esquece suas mazelas. O problema é que os organizadores desses shows, muitas vezes de fora da cidade, nunca levam em conta os transtornos que tais eventos possam causar, em particular, para aqueles que não curtem esse tipo de evento.
A Via Expressa, o mais importante logradouro para o escoamento dos veículos que saem de uma parte de Olaria e dos bairros Cônego e Cascatinha, em direção ao centro da cidade, quando fechada por completo, causa um verdadeiro tumulto no trânsito desses bairros. De maneira geral, nos domingos de lazer, o que acontecia uma vez por mês, só uma das pistas era interditada, o que minimizava bastante os transtornos enfrentados pelos motoristas. Aliás, se o finado prefeito Alencar Pires Barroso não tivesse dado o pontapé inicial nessa obra, terminada posteriormente por Paulo Azevedo, o Cônego e a Cascatinha teriam se tornado bairros inviáveis.
O problema está na transformação do espaço da Via Expressa, em frente aos condomínios Roseiral e Parque das Magnólias, pela atual administração, numa verdadeira casa de shows a céu aberto. Há mais ou menos um mês, tivemos naquele espaço, o show de Wesley Safadão e neste último feriadão de Tiradentes e São Jorge, no domingo 22, o show de Simone, sem Simaria, e Ferrugem.
A Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana informou que o trânsito de veículos seria todo ele desviado para a Avenida Júlio Antônio Thurler, a partir das 14h até o encerramento do evento. O mesmo aconteceria com a Rua Maria D´Ângelo Magliano, ligação entre a Praça Monsenhor Mielli e a Via Expressa, já a partir das 9h, só dando passagem aos moradores dos condomínios nela existentes.
Tive que ir a Olaria por volta das 18h e como entraria numa das transversais, à direita, da Júlio Antônio Thurler, não reparei na dificuldade enfrentada pelos motoristas, a partir do Colégio Municipal Dermeval Barbosa Moreira. Na volta, meia hora mais tarde, por dentro de Olaria, fui até o posto de gasolina, na esquina da Rua Vicente Sobrinho, para abastecer e acessar a Via Expressa, em direção ao Cônego. Antes não o tivesse feito. O engarrafamento começava nas proximidades da antiga fábrica de agulhas e se estendia até depois do shopping de Olaria. Além de ser uma via estreita que não comporta mais todo o tráfego naquela direção e do Cônego e Cascatinha, os sinais da Avenida Júlio Antônio Thurler são muito demorados e não adaptados para esse tipo de situação. Um trajeto que é feito em no máximo cinco minutos, estava demorando uma hora no mínimo.
Claro está que a Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana não fez nenhum estudo dos transtornos advindos com o fechamento da Via Expressa, na vida das pessoas, pois se o tivesse feito, desaconselharia a realização de tais eventos naquele local. Talvez, a justificativa seja de que não é todo fim de semana que tem show e, portanto, um engarrafamento numa tarde de domingo não é nenhum problema. Mas, em se tratando de um feriado prolongado, com a cidade cheia, o impacto nas principais vias de circulação tem sempre de ser levado em consideração.
Em Cabo Frio, a Cabo Folia e outros eventos que arrastam grande público era realizada na Praia do Forte, o que tumultuava todo o trânsito e acabava com o sossego dos moradores da cidade. Construiu-se um local de eventos, na entrada de Cabo Frio, sem densidade populacional e resolveu-se o problema. Será que sugerir-se o mesmo para Friburgo seria pedir demais? Não custa lembrar, também, que o IPTU pago pelos moradores do Cônego e Cascatinha é um dos mais caros da cidade...
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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