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A VOZ DA SERRA completa 73 anos
Estamos no início de 1945, a Segunda Guerra Mundial chegando ao fim, com as tropas aliadas rumando, céleres, em direção a Berlim; o Estado Novo, regime ditatorial implantado por Getúlio Vargas em novembro de 1937, também dá seus últimos suspiros. Nessa época, Nova Friburgo era uma cidade cuja população estava em torno de 25 mil habitantes, com uma rica história cultural, com colégios de qualidade indiscutível, tanto que atraía alunos de outros municípios e fosse, talvez, a terceira cidade do antigo estado do Rio de Janeiro, sob o ponto de vista educacional.
Mas, a cidade não tinha um canal de comunicação seja escrito ou falado, ficando as suas fontes de informação atreladas aos jornais e as rádios da capital. Os acontecimentos locais ficavam restritos à comunicação boca a boca ou a um serviço de alto falante instalado próximo à antiga Churrascaria Majórica, onde hoje é a Drogaria Pacheco.
Aproveitando a redemocratização do país, com a exigência de eleições livres, surgiram três grandes partidos, o PSD (Partido Social Democrata), a UDN (União Democrata Nacional) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). O PSD criou um diretório em Friburgo e para divulgação dos ideais do partido junto ao eleitorado, necessitava de um meio de comunicação, que seria seu órgão oficial. Assim, tendo como responsável pela redação o professor José Côrtes Coutinho, que foi inclusive quem escolheu o nome, nasceu em 7 de abril de 1945 o jornal A VOZ DA SERRA.
É importante notar que Américo Ventura Filho fazia parte dos fundadores do semanário, mas ainda sem função definida no novo meio de comunicação que em seu editorial dizia: “Daremos a Friburgo um órgão de feitio atraente, moderno e popular, com boas seções de informações e colaboração seleta que interprete com exatidão a alma de nossa gente, seja o eco das suas aspirações, o veículo de seus anseios. Estamos cônscios da importância que a pequena imprensa, a do interior, representa como força moral e construtiva quando tem a guiá-la superiores interesses como os que nos propomos a exercitar”.
O slogan do jornal passou a ser “Uma voz de Friburgo para ecoar no Brasil“. Nova Friburgo ganhava sua primeira mídia, mesmo que fosse um órgão a serviço de um partido político. Em 1953 o partido resolveu acabar com o jornal. É nesse momento que aparece a mão salvadora de Américo Ventura Filho, que move mundos e fundos para conseguir adquirir as cotas da pequena editora que imprimia o jornal e passa a responder oficialmente por ela. Podemos considerar essa data, como um renascimento do jornal, pois nesse momento ele passa a ter vida própria, liberto da alcunha de um órgão partidário.
Para termos uma ideia de quem ele foi, basta ler o que disse dele o seu sobrinho Zuenir Ventura, jornalista e escritor renomado, no estado e no Brasil:” Meco, como era chamado pela nossa numerosa família, de quem era esteio, exemplo e guru, nasceu para servir à comunidade, colocando os interesses sociais acima dos individuais. Ele foi, para mim, o mais bem acabado exemplo de homem público (…). Foi, durante décadas, um dos mais poderosos funcionários da Prefeitura de Nova Friburgo, não porque estivesse no topo da hierarquia, mas porque detinha o segredo e o saber da máquina administrativa da cidade. Saía prefeito, entrava prefeito, de um partido e de outro, e ele continuava lá. Todos sabiam que sem o Ventura, a máquina emperrava... “(A Voz da Serra edição de 22 de agosto de 2012).
Mas, como o homem não é imortal, sua história acaba em 23 de fevereiro de 1973. No entanto, se seu expoente maior morre, assume seu filho Laercio Rangel Ventura, que manteve a obra do pai, aprimorou e modernizou o semanário, transformou-o em uma empresa jornalística. Foi com Laercio que o jornal tornou-se trissemanário em 12 de agosto de 1983 e, finalmente, em 28 de março de 1995 passou a ser diário. Como filho de peixe peixinho é, Adriana Ventura, filha de Laercio, assumiu a direção do jornal em 3 de fevereiro de 2013, com a morte de seu pai e manteve a saga da família, aprimorando e lapidando um “senhor” longevo, do alto de seus 73 anos.
Parabéns ao jornal pelo seu dia, e que ele continue a prestar o relevante serviço de manter bem informada a sociedade friburguense. Vida longa é o que desejam seus leitores para aquele que é, em atividade, o terceiro jornal mais antigo do Estado do Rio de Janeiro.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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