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O que fazer se você descobre que um parente está dependente químico?
Um vício não surge da noite para o dia. É um processo gradual. Familiares podem não reconhecer pequenas mudanças que ocorrem diariamente no comportamento de um membro da família. Será que você está desconfiado de que um filho, filha ou outro parente está envolvido com algum vício, especialmente de álcool ou outra droga?
Observe seu próprio comportamento. Você se vê como um detetive procurando por drogas ou bebidas alcoólicas que algum parente em casa pode estar escondendo? Toda hora você fica vendo o que ela está fazendo? Tem anulado planos com amigos ou outros parentes porque não se sente seguro de como este membro da família se comportará com sua ausência? Fica dando desculpas para as pessoas porque o parente que você suspeita estar com problemas com álcool ou drogas se comporta de maneira inadequada?
Muitos familiares, mesmo com boas intenções, tendem a vencer o medo da dependência química através de segredos, achar bode-expiatórios, ou negar a existência do problema. Que sinais e sintomas podem indicar que alguém esteja viciado em alguma droga?
Sinais e sintomas comportamentais: A pessoa sempre usa alguma substância e isto em momentos inapropriados, como antes de dirigir, no trabalho ou na escola. Ela falta a escola ou ao trabalho. Cria danos nos relacionamentos. Apresenta pobres resultados na escola e no trabalho. Rouba dinheiro ou vive pedindo emprestado a amigos, em casa ou no trabalho. Mantém segredos quanto à atividades que pratica. Tem mudanças de humor fora do normal, podendo ter explosões emocionais abruptas. Ocorrem mudanças nos hábitos de comer e dormir, e em amizades. Há perda de interesse em atividades costumeiras e diversão. Pode ter comportamento agressivo. Objetos e dinheiro começam a desaparecer em casa. Faz viagens para locais fora do habitual.
Sinais e sintomas físicos: Rápido ganho ou perda de peso. Anda devagar ou cambaleando. Tem dificuldade para dormir ou acorda em horas não habituais. Surgem marcas ou contusões inexplicáveis, e olhos avermelhados ou parecendo envernizados. Pupilas mais dilatadas ou menos do que o normal, tendo olhar vazio. As palmas das mãos suam ou ficam frias, podendo ter tremor das mãos. Rosto inchado, pálido ou avermelhado. Hiperatividade, excessivo falar. Nariz com secreção, tosse seca. Marcas de agulha nos antebraços, perna ou parte inferior dos pés. Náusea, vômitos ou suor excessivo. Sangramento nasal fora do habitual. Erupções na pele, cheiros estranhos. Baixa ou nenhuma energia. Presença de estado depressivo ou muito ansioso. Deterioração da aparência pessoal e higiene.
Se você percebe sinais e sintomas assim em algum parente, primeiro de tudo lembre-se: você não causou isto, você não pode controlar isto e você não pode curar isto. Você pode tocar no assunto sobre o uso abusivo ou vício de álcool ou outra droga com seu parente, mas qualquer melhora de comportamento dependerá dele.
Muita gente apresenta vício em alguma droga junto com algum problema mental, podendo ser depressão e alcoolismo, por exemplo. A presença de ambos é pior, mas profissionais de saúde, psiquiatras e psicólogos especializados em dependência química podem ajudar. Então a pessoa precisa de tratamento especializado com estes profissionais.
Não julgue a pessoa. Alcoolismo ou vício em outra droga é uma doença que precisa ser tratada, da mesma forma que o diabetes, o câncer, problema do coração etc. Comece a falar sobre a necessidade de tratamento, mas abaixe suas expectativas. Não é fácil saber o que fazer ou dizer quando se descobre que um parente está dependente de alguma droga.
Na sua conversa toque no assunto quando a pessoa estiver sóbria. Se ela estiver sob efeito da droga, possivelmente você perderá tempo tentando conversar. Manifeste sua preocupação de uma forma cuidadosa e honesta. Fale sobre os malefícios que a droga de escolha têm produzido na vida de pessoas que o dependente gosta ou ama. Mostre como ele está sendo prejudicado na saúde física, e em outras áreas.
É aconselhável que nesta conversa você tenha alguém junto para ajudar. Pode ser útil você escrever as ideias que quer dizer num papel antes da conversa para estar bem preparado no que falará.
Não toque no assunto quando a pessoa estiver sob efeito da droga. Não fale em tom de culpa. Não ofereça soluções porque você não é um profissional especializado em dependência química. Não tente mudar a pessoa. Não converse com ela sozinho. Não se desespere se a conversa tomar um rumo difícil e não traga a coisa pessoalmente. Se a pessoa aceitar ajuda, procure agendar um atendimento com um profissional especializado.
Fonte: www.hazeldenbettyford.org/addiction/help-for-families/dealing-with-addiction
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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