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Construir a paz
Caros amigos, mais um ano se inicia e, com ele, se renovam nossas esperanças por um mundo de paz e fraternidade, onde toda a família humana possa gozar da dignidade de filhos e filhas de Deus, que se deve reconhecer em todos. A busca pela paz é um caminho que deve ser percorrido e construído ao mesmo tempo e por todos. Somos uma só comunidade que começou e terminará no amor misericordioso de nosso bom Deus. Por isso, devem-se instaurar relações de solidariedade e colaboração no seio da sociedade.
Na mensagem para o 51º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco convida toda a Igreja a refletir sobre a situação dos migrantes e refugiados. Situação esta que começa em outros graves problemas sociais como os conflitos armados, a violência organizada, as discriminações e perseguições, o descaso dos governantes, a pobreza e falta de oportunidades de trabalho e de instrução, bem como a degradação ambiental (01/01/2018).
Em nossa cidade também se faz palpável essa realidade. Muitos são os que tiveram que deixar suas casas e ainda lutam por uma condição digna de sobrevivência e de paz, pois, desde janeiro de 2011, sofrem as consequências da tragédia climática ocorrida na Região Serrana do Rio de Janeiro. Dentre esses, alguns ainda vivem em lugares de risco e gozam de reduzido acesso a serviços sociais e de proteção.
“A falta de reações diante destes dramas dos nossos irmãos e irmãs é um sinal da perda do sentido de responsabilidade pelos nossos semelhantes, sobre o qual se funda toda a sociedade civil” (Laudato si, 25). A construção de um mundo de paz está além do simples sentimento de piedade para com a dor dos outros. Sua edificação é inspirada e sustentada pela caridade. “Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados” (Mensagem para o 51º Dia Mundial da Paz).
O fundamento da solidariedade encontra-se na certeza da fé que nos reúne em uma só família e que nos motiva a praticar a caridade por amor a Deus. “Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40). Quando, enriquecidos pelos dons do Espírito Santo, guardamos fielmente os preceitos de caridade, humildade e abnegação deixados por Nosso Senhor, anunciamos e instauramos o princípio do reino de Deus já aqui na terra (cf. Lumen Gentium, 5). Jesus ensinou-nos que o amor é a lei fundamental da perfeição humana e da transformação do mundo. Acreditar no amor de Deus é a garantia de que todo nosso esforço para estabelecer a fraternidade universal não é vão (cf. Gaudium et spes, 38).
É importante lembrar que junto às omissões e outros pecados da assistência pública - direito de todo cidadão - soma-se também a indiferença dos cristãos, seus preconceitos e inércia ante a grande seara de Deus! Neste ano, portanto, em que nossa querida cidade de Nova Friburgo comemora seu bicentenário, inspirados pelo olhar da fé, esforcemo-nos por acolher nossos irmãos que estão à margem da sociedade promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça; transformando nossas casas, ruas e praças em um canteiro fértil de amor e paz. Deus abençoe a todos!
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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