O Rio é uma cidade refém da criminalidade

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O Brasil em geral e o estado do Rio de Janeiro, em especial, são uma piada de mau gosto. Os últimos acontecimentos na favela da Rocinha mostram a falência do estado, autoridades de mentirinha, totalmente divorciadas da realidade dos fatos e uma cidade a mercê de bandidos fortemente armados, num confronto desigual com a polícia, seja ela militar ou civil. Aliás, o desarmamento que tornou o porte de arma crime inafiançável, pendeu a balança para o lado errado, pois os bandidos tiveram mais força ainda, com armamento pesado, de guerra mesmo, sem oposição das autoridades constituídas.

Só num país de araque, numa declarada guerra civil, traficantes exibem para quem quiser, em plena luz do dia, armamentos de uso exclusivo das forças armadas, sem que a reação seja imediata. Primeiro porque o policial pensa duas vezes antes de botar sua cara na reta, tal é a desproporção do poder de fogo do marginal; em segundo, porque bandido atingido ou morto implica em processo contra quem atirou, na ira dos defensores dos direitos humanos, na minha opinião comprados a peso de ouro para fazer o barulho que fazem e, o mais grave, pela conivência de uma justiça fajuta, eivada de juízes e desembargadores mal-intencionados. Haja vista, que os meliantes que invadiram o Hotel Inter Continental, em São Conrado e fizeram hóspedes de reféns, tiveram sua prisão preventiva suspensa por um togado, com a cândida alegação de que tais elementos não constituíam risco à sociedade. Depende de que sociedade.

No último fim de semana aquele cidadão que trabalha e paga imposto, teve a sua vida transtornada pela ameaça constante de balas perdidas e pelo inferno que se transformou o trânsito na Zona Sul e na Barra da Tijuca, com os constantes bloqueios do Túnel Zuzu Angel, ligação entre os bairros da Gávea e São Conrado, passando em plena Rocinha. Houve um momento que a alternativa pela Avenida Niemayer também foi bloqueada, o que obrigou os moradores da Barra e adjacências a dar uma grande volta pela Linha Amarela. Gastou-se tempo e dinheiro. Muitos trabalhadores ficaram impedidos de chegar a seus respectivos empregos, o que gerou prejuízo para todos, empregadores e empregados.

A falência do Rio de janeiro se explica pela péssima qualidade de seus políticos, sejam eles deputados, vereadores ou governadores. Diga-se de passagem, o único que prestou, que fez a diferença, foi o almirante Faria Lima, primeiro mandatário da fusão dos estados da Guanabara com o antigo estado do Rio de Janeiro; um militar para raiva daqueles que odeiam milicos. Esses indivíduos, muitos de má índole, esquecem que o contribuinte paga seus impostos para ter, em contrapartida, uma qualidade de vida que justifique essa dinheirama que todos os dias entra nos cofres públicos. Impostos não foram feitos para pagar enriquecimento e mordomias de autoridades.

Mas, o que me parece mais grave é a atuação das forças armadas. Anunciar com estardalhaço que os militares vão entrar na Rocinha parece aquele aviso: fujam enquanto é tempo. E o elemento surpresa, muito utilizado por essas mesmas forças armadas, num confronto direto com os inimigos, em caso de guerra? Se os meliantes estão escondidos na mata, na parte de cima da favela, porque não uma incursão noturna, com armamento dotado de infravermelho como é feito nos vários teatros de guerra internacionais. Ou seria o receio da censura dos direitos humanos que cobrarão, com certeza, a disparidade com que os bandidos estariam sendo tratados? Poderiam ainda alegar crime por motivo torpe, sem direito à defesa.

A sociedade brasileira e carioca assiste impotente a degradação de um país que ao contrário do esperado regrediu, literalmente, desceu da sela para a cangalha. E pensar que na época do reinado de Dom Pedro II, éramos a segunda economia mundial e o nosso dinheiro era equiparado ao dólar americano e à libra esterlina, além de ter construído 26 mil quilômetros de ferrovias. Isso sem falar que o analfabetismo caiu de 92% para 52% da população e que um professor ganhava, nos valores de hoje, o equivalente a R$ 8 mil por mês.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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