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Depressão e ansiedade
Depressão é diferente de ansiedade. Depressão é um transtorno mental no qual estão presentes sintomas como: sentir-se deprimido a maior parte do tempo; interesse diminuído ou perda de prazer para realizar atividades de rotina; sensação de inutilidade ou culpa excessiva; dificuldade de concentração ou habilidade diminuída para pensar e concentrar-se; fadiga ou perda de energia; insônia ou dormir demais diariamente; agitação ou lentidão psicomotora; perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta; ideias recorrentes (que surgem constantemente na mente) de morte ou suicídio.
O diagnóstico de depressão é feito da seguinte maneira: 1) Depressão menor: dois a quatro dos sintomas acima por duas ou mais semanas, incluindo o estado deprimido, ou falta de interesse ou prazer nas coisas. 2) Distimia (tristeza crônica): três ou quatro dos sintomas acima, incluindo o estado deprimido, durante dois anos, no mínimo. 3) Depressão maior: cinco ou mais dos sintomas acima por duas semanas ou mais, incluindo o estado deprimido, ou falta de interesse ou prazer nas coisas.
Já ansiedade é diferente de depressão. Ansiedade todo mundo tem. Mas ansiedade alta ou exagerada somente uma parcela da população apresenta. Ansiedade é uma sensação de vazio, de que falta algo sem que você saiba o que é, é uma falta de serenidade, uma inquietude. Ela se manifesta diretamente com estes sintomas, às vezes com aperto no peito, ou sensação de que há uma bola na garganta que sobre e desce, por medos exagerados, manias sem sentido (juntar coisas, conferir se fechou a porta várias vezes, lavar as mãos compulsivamente por 20 minutos ou mais, etc).
A ansiedade alta é um aviso, um sinal de que algo está em conflito dentro da pessoa e que precisa ser compreendido para que a pessoa mude de conduta, adotando um comportamento, ou jeito de pensar e de sentir, que não produza a ansiedade ou angústia tão forte.
A ansiedade alta pode se manifestar também através de crises de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, somatizações (manifestações no corpo através de sintomas físicos, como pressão arterial alta, dores musculares, reações na pele, enxaqueca, etc).
O tratamento da ansiedade excessiva tem a ver com ajuda psicológica (psicoterapia, veja abaixo), e possivelmente medicação temporária sob orientação médica caso a ansiedade alta esteja prejudicando a pessoa executar suas tarefas. Ajuda muito a redução da ansiedade alta a prática de atividade física, ao ar livre de preferência, e redução ou eliminação do consumo de cafeína, porque ela pode piorar a ansiedade.
O tratamento da depressão irá variar de acordo com a estrutura da personalidade do paciente, recursos psicológicos internos que ele tem, história pessoal de como lidou com problemas e perdas no passado, tipo de perda que gerou a depressão, mas basicamente, se a depressão é leve, a psicoterapia poderá ser suficiente. Se for moderada ou grave (maior), será necessário além da psicoterapia, o uso de medicação específica (antidepressivo), que poderá ser usada por tempo determinado.
Psicoterapia, ou “terapia”, é um tipo de ajuda humana técnica, profissional, especializada, na qual o profissional que a pratica usa a palavra, numa conversa em geral individual (ou de grupo) para dar apoio, ajudar a aliviar tensões internas, oferecer ao paciente melhor compreensão da causa dos problemas comportamentais, visando um melhor funcionamento do indivíduo consigo mesmo, com a família e socialmente.
Finalmente, tanto para a ansiedade excessiva e suas manifestações, como para a depressão, o apoio espiritual é muito importante e estudos revelam que as pessoas que sofrem de depressão e/ou algum transtorno de ansiedade e têm uma fé religiosa e praticam sua religião, apresentam melhores defesas contra as formas mais graves destas doenças.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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