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Que venha 2017, depurado das mazelas de 2016
Graças a Deus 2016 terminou, um ano para ser esquecido, jogado no fundo de um baú para jamais ser encontrado. Foi um período marcado por atentados terroristas na França, Alemanha, Turquia; por morte de pessoas famosas a nível nacional como o poeta Ferreira Goulart, o jornalista Villas Bôas Corrêa. Tivemos também o acidente com o avião que levava o time inteiro da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, matando 71 pessoas entre jogadores, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e repórteres.
Aliás, tragédia foi o que não faltou, mas elas adentraram 2017 com força total com a morte de 56 detentos, num presídio em Manaus, Amazonas, na tarde do primeiro dia do ano. Foi uma rebelião que colocou frente a frente duas facções rivais e ao final de 17 horas de confronto, o banho de sangue deixou 56 vítimas. Muitos morreram com requintes de crueldade, fato muito comum em ocorrências dessa natureza.
No plano internacional, também tivemos grandes perdas como os cantores ingleses David Bowie e George Michael, o escritor italiano Umberto Eco, o holandês Johan Cruyff, jogador da famosa seleção holandesa que encantou o mundo na copa de 1974, considerado por muitos o maior jogador europeu do século 20.
Fico nesses nomes nacionais e internacionais, que marcaram época e foram importantes na história recente do mundo, mas a lista é extensa e a maioria deixou saudades.
Será que 2017 vai ser um ano melhor? A Humanidade está em crise e a falta de educação, de cultura, de honestidade e de moral agrava o comportamento do bicho homem, botando mais lenha na fogueira das desigualdades que nos assolam. Perdemos a capacidade de escutar, compreender e agir de maneira racional; estamos nos igualando aos mais irracionais dos animais.
Passei a virada de ano em Cabo Frio, com a família, e a cidade estava um horror. Superlotada, suja (não pela falta de garis, mas pelos maus hábitos dos turistas), trânsito infernal e sem vagas para estacionamento. A cada manhã, a orla tão bela da cidade mais parecia o antigo aterro de Manguinhos (antigo depósito de lixo do Rio de Janeiro), tamanha a quantidade de papel, copos, restos de comida, guimbas de cigarro jogadas sobre o calçadão, sem falar no mau cheiro insuportável.
Será que as pessoas agem assim em suas próprias residências, ou pelo fato de estarem de férias, deixam a educação em casa? O mesmo podemos dizer dos banheiros públicos sempre imundos e mal conservados. Será que em suas moradas os usuários desses locais agem da mesma maneira, deixando-os quase sem condição de uso?
Na volta pra casa, as mesmas cenas de incivilidade e desrespeito de sempre. Motoristas insistindo em trafegar pelo acostamento por causa do trânsito lento, ultrapassagens perigosas e mesmo criminosas, em aberto desafio às leis, na certeza da impunidade. Policiais nas estradas? Não se vê um.
Estaremos na torcida por dias melhores, mas na certeza que isso será uma utopia. A nós brasileiros faltam cultura (no sentido de orientação de um povo) e educação cívica. Esquecemos duas coisas de suma importância na vida do ser humano: desconfiômetro e a máxima de que o nosso direito termina quando começa o de outrem.
Que 2017 seja o início da moralização da política brasileira, que a Lava Jato leve a termo o combate à corrupção e que o país consiga enfim retomar o rumo. Não creio, pois nossos políticos não dão mostras de mudanças de hábitos, mas torço muito.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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