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Crimes do colarinho branco
Muitos assinantes e leitores de A Voz da Serra, ao encontrarem comigo em muitos lugares da nossa terra, fazem comentários elogiosos sobre determinados assuntos que abordei. Pelo que me lembro, um dos que mais despertaram interesse foi a respeito da inocência da grande massa da população em não perceber que a grande corrupção que corrói as finanças da nação tem ligação direta com a falta de remédios nos postos de saúde, com a falta de médicos nos hospitais e com o sofrimento daquelas mulheres e homens que buscam socorro para seus males físicos e mentais nos serviços públicos de saúde, ao verem que não serão atendidos.
Segundo reportagens de jornais de grande circulação nacional, somente uma pequena parte do dinheiro roubado pelos corruptos em todo o país daria para socorrer uma grande multidão de brasileiros, com a reforma de hospitais e unidades de saúde pelo Brasil afora. Dizem os especialistas em política que, se o povo tivesse pela política o mesmo interesse que sente pelo futebol, seríamos uma nação quase totalmente livre da praga da corrupção, que, diga-se de passagem, não é problema só nosso, mas afeta todos os lugares onde o ser humano esteja presente.
Segundo o jornalista Elio Gaspari, em coluna recente no O Globo, pouca gente sabe que a expressão “crimes do colarinho branco” é bem antiga, datada de 1939, criada pelo professor Edwuin Sutherland, nos EUA, já buscando formas de combater este tipo de crime. Comenta também a publicação naquele país do livro intitulado “Por que eles fazem isto?”, na tradução brasileira, tentando explicar a mente do indivíduo que escolhe de livre vontade ser um corrupto, mesmo correndo o risco de ser descoberto pela polícia daquele país, onde as penalidades são brabas. Para dar um exemplo, um sujeito de quase oitenta anos chamado Bernardo Madoff, descoberto em 2008 dando o golpe da pirâmide, causando prejuízo de 20 bilhões de dólares a outras pessoas, foi condenado pela Justiça a 150 anos de cadeia, onde certamente irá morrer. Se com aquela lei tão dura pesando sobre as cabeças deles eles ainda se atrevem a cometer crimes, imaginem aqui, onde nossa legislação é bastante piedosa e paternalista, com penalidades que são de pai para filho.
Contudo, uma imensa luz surge no fim do túnel. A nova geração de homens e mulheres que estão assumindo cargos no sistema judiciário brasileiro, juízes, procuradores, defensores, promotores, todos, enfim, livres do vírus da politicagem e com os corações cheios de idealismo, a grande maioria deles vinda de famílias de classe econômica desfavorecida financeiramente, sabendo como tiveram que lutar contra muitos dragões para chegar onde chegaram, são a nossa esperança de um futuro mais limpo e justo. Um feliz 2017 para todos!
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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