Rio leve, sorriso solto

sábado, 19 de novembro de 2016

Mais prudente do que nunca, meu novo estado e modo de ver e fazer é parte da minha evolução. Que o progresso não me faça frio tal como o fervor que nutria me aparentava insano. Sei que a ingenuidade me protege. O bem é o escudo dos bons.

Das paixões que tive - aprendizados. Tais experiências não me concederam um novo dom. Mas me deram visões precisas e um peito mais forte, mesmo que mais aberto. Bate à porta! Por que não deixar entrar? Caço as emoções da paixão, ainda que por agora negue quando me perguntam. No entanto, quando me vejo perguntando... Estou apaixonado?

A prudência pode me fazer mais contido, porém não esconde o encantamento que faz tudo aqui dentro estar mais florido. Estou leve como o acrobata na corda bamba ou as asas da borboleta que o vento domina fazendo-as voar. Que a leveza que me vem agora sustente o meu ser.    

Meus passos têm que passar pelo caminho que escolhi. Se o caminho apresenta algo que percebi, então paro e percebo mais apuradamente, sem constatações imediatas. Sim!

O mundo está cheio de pessoas vazias. Aí o táxi se torna comum e quem transborda - assusta. Eu assusto? Minha intensidade já foi mais desvairada. Mas ali, no canto da galeria das luxúrias, leveza, sapiência e intuição se fizeram uma só. Tabuada atribulada de difícil resolução para quem não sabe de matemática. Porém, o hiato talvez seja mais importante que o passeio por uma coisa e outra. Eu me senti infinito.

Retirante, eu fui chamado a me prostrar na frente de algo novo. Fiquei ali parado, observando a certeza que me invadia momentaneamente. Negação ao primeiro que roubou minha decisão de dizer oi. E, momentaneamente, já estava ali falando mais que oi ou olá. As minhas vontades como a de beijar ou olhar menos do que gostaria se tornaram menos importantes do que toda a conversa interessante que fez desligar o som, acender as luzes.

O tempo parou para aquele encontro, mas lá fora o relógio continuou. Momentaneamente, o dia veio e o beijo também. Momentaneamente outros dias vieram e conversas interessantes também. Momentaneamente prossegue sem a pretensão de qualquer outra coisa, além de ser momentaneamente tudo. É doce. É leve. É mágico sem magia. É belo, mesmo sem fantasias ou adereços. É engraçado sem piada e mais engraçado ainda com poesia. Dessas sem rima ou métrica mesmo, e, até sem letras. É de agora e de ontem, sem se obrigar para o amanhã. Manhãs já vieram e a natureza se encarregará de quantos iluminará para mais tarde no Arpoador.    

A tentativa de esconder sempre sucumbe um dia. Já consegui um dia deixar sentimentos no sótão sem que descessem as escadas. Levaram muitas coisas desse sótão, mas havia um tanto de outras que eu nem sabia estarem no porão. Revi o que estava no sótão. Vasculhei o porão. Sem pretensão alguma de encontrar ou reencontrar algo ou alguém. Escapando por toda a casa, por todas as ruas, por todos os lugares que fui e vou - me vi de novo sorrindo ao descobrir a redescoberta de mim mesmo.

É tão bonito esse sentimento novo que é a soma de todos os velhos sentidos que adotei. Não preciso mais despistar ou demitir as invasões que me vem. Aceito de bom grado o prazer de sentir que estou gostando de alguém. Momentaneamente, rio leve, sorriso solto...  

TAGS:
Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.