RJ: a consequência da inconsequência

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Hoje é dia

  • do diretor de escola
  • Internacional da qualidade
  • Nacional do supermercado
  • do armistício

O dia
Há exatos 12 anos, o líder palestino Yasser Arafat morreu aos 75 anos, vítima de uma falência múltipla dos órgãos. Ele passou 13 dias internado no hospital militar Percy, em Paris (França), com a saúde bastante debilitada. Os médicos pensaram se tratar de leucemia, mas depois de realizarem uma série de exames declararam que o político tinha uma anomalia sangüínea não identificada.

Observando...
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Palavreando
Receba a graça de amar e guarde as histórias e sensações que a vida lhe concede nesse estado de inteira percepção de tudo à sua volta visto do mais precioso diamante que se pode ter: o do viciado amoroso, do dependente da paixão, do semideus travestido de louco.

RJ: a consequência da inconsequência

 A festa acabou. Faz tempo. A cena dos guardanapos em Paris era apenas o prenúncio do fim. Em 2013, as ruas gritaram. As urnas não. Os alvos dos protestos se safaram. Mas a história teima em ser justa, ainda que tardia. Porém, até fazer justiça, a história provoca as ruas a tremerem de novo e quantas vezes mais. Darcy Ribeiro tinha razão: ou você fica ao lado dos indignos ou dos indignados.

São tempos difíceis. Que doem a alma. Os invisíveis não têm nem guardanapos para protestar. Mas são defendidos por quem também está sendo alvejado. Em 2011, a terra da serra derreteu. As pessoas ficaram sem casa. A calamidade foi um imprevisto sem proporções. A de agora não é fruto da natureza. Mas da má gestão, incompetência, para não dizer da má fé. Mas isso, só a história poderá dizer. É preciso, ainda que com angústia, esperar para ver o que ela irá contar.

O ano de 2011 é a marca do início do fim. Para quem foi acolhido com o aluguel social e passou a depender do estado na Região Serrana. Para um projeto de poder que deu a pior de suas cartadas colocando o Rio Previdência em risco ao se jogar no mercado financeiro.

Com as leis estaduais 6.112/2011 e 6.656/2013, o governo do estado do Rio foi autorizado a alienar ativos econômicos (dinheiro) do Rio Previdência no valor de R$ 4.800.000.000, isso mesmo, quatro bilhões e oitocentos milhões de reais, no mercado doméstico (nacional) ou internacional.

Foi criada a empresa Rio Oil Finance Trust para que pudesse viabilizar a venda dos ativos do Rio Previdência no exterior como forma de “investimento”. “Investiu-se” todo o dinheiro autorizado, mas com o pagamento completamente vinculado as taxas internacionais do petróleo.

Com a queda do valor do “brent” (petróleo) aquilo que era um excelente investimento tornou-se péssimo e praticamente impagável. A ação gerou um rombo que pode ser maior do que R$ 8 bilhões. A proposta agora é que todos os servidores e aposentados paguem a fatura que não foi gerada por eles.

Não dá para olhar para frente, sem olhar para trás. Além do Rio Previdência, é necessária uma auditoria de toda a dívida acumulada na última década, um esforço para fazer os gigantes pagarem a dívida ativa, taxação de grandes fortunas e uma revisão apurada das isenções fiscais. Não está certo quem diz que isenção fiscal é bom. Não é correto quem diz que isenção fiscal é ruim. Essa generalização banaliza a discussão. Há isenções justas perante a guerra fiscal entre estados.

Há isenções absurdas que precisam ser revistas, apuradas e penalizadas. A raiz do mal não está nas isenções, mas na forma em que muitas foram concedidas. Geralmente as maiores, no claro indicativo da lógica da troca de favores.

Falar em intervenção federal parece uma saída simples. Entra dinheiro da União, a mesma que sufoca os estados e permite a guerra fiscal entre os entes federativos. Com indicação do presidente da República - após decisão do Supremo - que tem que ser provocado.

Ora, um governo federal que tem dificuldades de ter aprovação das ruas e é parte do mesmo grupo que afundou o Rio de Janeiro, interviria no que? Aliás, o estado do Rio é um ótimo exemplo para quem quer afundar o país e a cartilha parece ser seguida à risca pelos engravatados de Brasília. Um beco sem saída.

A consequência da inconsequência nos coloca em uma encruzilhada que não pode legitimar as penalidades propostas a quem quer se penalizar: quem tem menos culpa e mais contribui para o estado ao longo do tempo. A tarefa não é fácil e requer mais sabedoria do que crítica sem proposição.

O fato é a necessidade de um rompimento com o projeto em curso. Pois como diria Darcy, a crise não é uma crise, mas um projeto. Passou da hora de limpar a bagunça deixada pela farra dos últimos dez anos.            

 

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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