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Memória e profecia
Caros amigos, São João Paulo II, no documento que escreveu logo depois do encerramento do grande jubileu do ano 2000, deixou-nos o seguinte ensinamento: “Nestes meses, olhamos frequentemente para o novo milênio que começa, vivendo o jubileu não só como lembrança do passado, mas também como profecia do futuro. Agora é preciso guardar o tesouro da graça recebida, traduzindo-o em ardentes propósitos e diretrizes concretas de ação” (Novo Millennio Ineunte, 3).
Tenho certeza de que esta proposta também se encaixa perfeitamente para o Ano Santo da Misericórdia que se encerra, pois o tesouro acumulado nestes últimos meses precisa ultrapassar as fronteiras da simples memória para alcançar horizontes maiores, como uma verdadeira profecia para os tempos futuros.
Desde o princípio, o gênero humano está incluído num plano de misericórdia, pois “caídos em Adão, [Deus] não os abandonou, oferecendo sempre os auxílios para a salvação, em vista de Cristo, o redentor” (LG, 3); e também no fim dos tempos se revelará a infinita misericórdia de Deus que “enviou seu filho ao mundo para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 15).
Nós, entretanto, vivemos um tempo intermédio de salvação e, como nos ensinou repetidas vezes o santo padre, o papa Francisco, este é o tempo das obras de misericórdia, da “fé que age pela caridade” (Cfr. Gl 5, 6).
É belo pensar que o bem que podemos fazer é, ao mesmo tempo, herdeiro e devedor das obras divinas: herdeiro enquanto provocado pela graça de Deus que dá suporte a todo bem, e devedor enquanto aponta para a suprema beneficência do fim dos tempos, onde Deus recompensará infinitamente aqueles que se fizeram amigos do bem e da justiça: “Vinde benditos de meu pai! Recebei em herança o reino que meu pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me” (Mt 25, 34-36).
Por isso, as obras de misericórdia que incrementamos neste ano precisam testemunhar, como lembrança e profecia, a vinda do Reino de Deus. Pois, quantas vezes deixamos os bons propósitos “na gaveta”, ao passar o entusiasmo inicial? E quantas vezes os retomamos por inspiração de Deus? Quero que todos retomem seus bons propósitos e caminhem com perseverança na “via estreita da misericórdia”, que nos une a Deus e aos irmãos.
Dom Edney Gouvêa Mattoso, Bispo Diocesano de Nova Friburgo
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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