Colunas
Tatuagem e comportamento: um novo estudo científico
SAÚDE MENTAL 27-10:
//////////////////////////
A palavra tatuagem vem de tattaw, da Polinésia que significa “marcar, decorar”. O almirante inglês James Cook (1771) criou a palavra tattoo (em inglês), uma adaptação do polinésio tattaw, surgida pela associação onomatopeica com o som “tátátá” das varetas usadas pelos indígenas do Pacífico para tatuar.
Um em cada cinco britânicos possui tatuagem. Num estudo científico recente feito no Reino Unido, dirigido pelo professor de Psicologia Social, dr. Viren Swami, da Anglia Ruskin University, Cambridge, analisou 181 mulheres e 197 homens de Londres com tatuagens, com idades variando de 20 a 58 anos para verificar se haveria alguma relação entre a pessoa ser tatuada e a presença de comportamento diferente dos não tatuados quanto aos traços de respostas emocionais: agressão física, agressão verbal, raiva e hostilidade.
Exemplos do questionário dado aos participantes são: “Se for pedido a você para não fazer certa coisa, você se sente impelido a fazê-lo?”, "Se alguém com autoridade gritasse com você, (a) você ficaria com raiva e argumentaria; (b) se esforçaria para evitar uma discussão; ou (c) não tem certeza?" etc.
A atitude de rebeldia foi avaliada em duas áreas: proativa e reativa. A proativa envolve a busca deliberada, proposital de atitudes rebeldes como algo excitante, que provoca emoções e “adrenalina”. E a reativa tem que ver com a tendência de praticar atos não premeditados de rebeldia em resposta a algum desapontamento ou frustração.
A pesquisa mostrou que este grupo de adultos com tatuagens era composto de indivíduos que revelaram importantes níveis de maior agressão verbal, raiva e rebeldia reativa comparado com adultos não tatuados. Interessante que o grupo das mulheres tatuadas do estudo apresentou maior agressão verbal, rebeldia proativa e rebeldia reativa do que os homens.
Também se verificou que havia uma relação entre o número de tatuagens de uma pessoa e o nível da raiva dela. A média de tatuagens era 2,5 por cada pessoa. Parece, então, no estudo do professor Swami, que quanto mais tatuagens, mais atitude agressiva e mais rebeldia.
O condutor do estudo, professor Swami, afirmou que os adultos tatuados tinham significantemente maior rebeldia reativa, mas não rebeldia proativa, comparados com adultos não-tatuados. Uma explicação, segundo ele, para este achado é que as pessoas que tem maior rebeldia reativa podem responder aos eventos desapontadores e frustrantes tatuando-se. Ou seja, quando experimentam um evento emocional negativo, podem ser mais prováveis de reagir com uma atitude desafiadora.
O ato de tatuar é percebido por eles como rebeldia, ou as tatuagens podem significar desafio e dissidência. Não se encontrou diferenças importantes entre os tatuados e não tatuados quanto à rebeldia proativa. Adultos tatuados tiveram mais altos escores em duas das quatro dimensões de agressão medidas no estudo: agressão verbal e raiva.
Este estudo não deve ser usado para discriminar pessoas tatuadas. As que se tatuam não são obrigatoriamente abusivas verbalmente, agressivas fisicamente, ou cultivam raiva e hostilidade. Há empresas que nos questionários de avaliação de candidatos ao emprego colocam a pergunta sobre se o candidato tem tatuagem. Discriminação? Não devemos medir o profissionalismo de alguém baseado no fato dela ter tatuagem.
A tatuagem indica várias coisas sob o ponto de vista psicológico, passando por vaidade, ideia de ser atraente sexualmente, rebeldia ativa ou proativa, desprezo pelo corpo que precisa ser coberto por tatuagens, demonstração de dissidência, encarar a dor de tatuar como vitória sobre dores da vida, lembrança de alguém ou de algo etc.
Interessante, o Deus da Bíblia disse: “Não façam… tatuagem em si mesmos. Eu sou o Senhor”. Levítico 19:28 (Nova Versão Internacional). Outras versões dizem: “Não fareis lacerações na vossa carne… nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca. Eu sou o Senhor.” (Almeida Revisada Imprensa Bíblia). “Não fareis incisões na vossa carne… nem fareis figura alguma no vosso corpo. Eu sou o Senhor.” (uma versão católica).
Fontes: https://www.theguardian.com/fashion/2015/oct/15/study-restores-link-between-tattoos-and-anger http://www.anglia.ac.uk/news/study-shows-link-between-tattoos-and-anger(ambos sites acessadosem 25Out206).
_______
Dr. Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com.br
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário