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Botafogo leva sua torcida ao Santa Lúcia
Há um mês o título de minha coluna foi “Botafogo leva sua torcida à loucura”, após vencer o Cruzeiro, no Mineirão por 2 a 0 e sair, em definitivo, da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, terminando a rodada na décima colocação.
No último domingo, 16, com a vitória de 3 a 2 sobre o Atlético Mineiro, subindo para a quinta colocação e permanecendo na zona de classificação para a Libertadores da América do ano que vem, o título da coluna teria de ser mesmo “Botafogo leva sua torcida ao Santa Lúcia”. Para aqueles que não moram em Friburgo, o Santa Lúcia é o hospital psiquiátrico da cidade.
Calor de 42 graus, estádio lotado, uma torcida inflamada e um primeiro tempo muito bom, com dois gols sendo o primeiro aos quatro minutos. Tudo levava a crer numa vitória tranquila do Fogão. É bem verdade que o gol de Bruno Silva gerou polêmica, pois ficou a dúvida se a bola bateu no seu braço ou foi ajeitada com ele para o chute fatal, em direção às redes.
A convicção com que o juiz validou o lance, sem dar ouvidos ao bandeirinha, leva a crer na primeira hipótese. Aliás, seu auxiliar não levantou a bandeira, apenas permaneceu parado, sem correr para o meio do campo, como é o correto, a indicar uma possível irregularidade.
No entanto, o segundo tempo mostrou a verdadeira dimensão do “ser botafoguense” e a tranquilidade deu lugar a uma grande preocupação, logo após o empate do Atlético, Mineiro aos 24 minutos de jogo.
O galo era nitidamente melhor em campo, não é à toa que ocupa a terceira colocação na tabela e tem, ao meu ver, o melhor plantel entre os demais times da série A. Mas, eis que aos 45 minutos, uma cabeçada certeira de Dudu Cearense recolocou o Fogão na frente e liberou o grito que já estava engasgado na garganta da torcida.
Faltavam ainda três minutos de acréscimo, para que a quarta vitória consecutiva do glorioso se consolidasse e o quinto lugar, na classificação geral, se confirmasse.
Num exemplo típico de que a união faz a força e de que a vontade de vencer é pré-requisito forte para se chegar um objetivo, o Botafogo faz nessa edição do Campeonato Brasileiro sua melhor campanha, desde o título de 1995.
Um estádio temporário, mas sua casa atual, e uma torcida inflamada, transformam o estádio da Ilha do Governador num caldeirão capaz de impor respeito até nos adversários mais fortes.
Numa recuperação surpreendente, pois a diretoria atual conseguiu o título da segundona do ano passado e um patrocinador master, no caso a Caixa Econômica Federal, já em 2016, as perspectivas para 2017 são as melhores possíveis.
Claro que há muito a se fazer ainda, mas é preciso que o presidente Carlos Eduardo Pereira comece a se movimentar para que alguns jogadores do plantel atual permaneçam em General Severiano. Neílton, Sassa, Camilo, Sidão, Carli, Airton e Diogo Barbosa são, no momento, os grandes nomes de um time, antes desacreditado, mas que vai deixar sua marca no atual brasileirão.
Mas, para voos maiores, reforços são mais do que bem-vindos, são uma necessidade. Tem coisas que só acontecem ao Botafogo e, é exatamente por isso que seus torcedores são seres diferenciados.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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