Depena...

domingo, 16 de outubro de 2016

“Caiu na Arena... O Botafogo depena!” E não tem essa de pena. Essa gente que pena, acredita, trabalha, canta, vibra e joga junto. Depena! E eu morro de pena de quem ainda não acredita na magia da camisa preto e branca, que ostenta no lado esquerdo do peito uma Estrela Solitária. Dá pena... Mas é uma pena o time ter ido tão mal no primeiro turno e encaixado apenas no segundo, ou então o Palmeiras poderia ter um concorrente à altura na briga pelo título. E escrevo isso com toda a serenidade e consciência das limitações do Botafogo. Mas com a mesma serenidade e consciência de quem observa equilíbrio e nivelamento entre praticamente todos os 20 times. Com a mesma serenidade e consciência de quem sabe o verdadeiro tamanho do clube Mais Tradicional do país.

Imaginar que rebaixaram o Botafogo antes da hora dá pena. Mas é preciso reconhecer os elementos que embalam a arrancada alvinegra no Campeonato Brasileiro. Jair Ventura tem bastante mérito, e a entrada de Camilo fez toda a diferença. Equilibrou o meio-campo, que com a sequência de Airton, ganhou poder de marcação e qualidade. Tenho pena de quem ainda leva aquela imagem do Airton que apenas marca forte e faz faltas violentas. Essa fase passou.

É preciso ainda ressaltar o argentino Carli, sua liderança, presença e capacidade de comandar a zaga. Com ele, Emerson Santos cresceu. O Botafogo, sem ele, sofreu em um só jogo a mesma quantidade de gols de todo o returno. Mas valeu a pena. Forçou o time a fazer três, a não desistir em nenhum momento... A comprovar mais uma vez a força dessa camisa! Dessa torcida...

Afinal de contas, elemento fundamental e, talvez mais decisivo, é a Arena Botafogo. Onde o time depena! Onde não há pena, onde quem pena é o adversário. Parte da mídia exalta tanto certa torcida pelo seu tamanho, mas quem é de arquibancada sabe qual delas faz diferença de verdade. Quem vai ao estádio e sente a pulsação daquela gente vestida de preto e branco não tem dúvidas: a força dos torcedores botafoguenses é inquestionável e incomparável! E nesse estádio, onde a equipe depena, o Botafogo definitivamente joga com 12.

O torcedor do Glorioso, nesta temporada, sempre lamentou — e ainda lamenta — a falta de um elenco qualificado. Mas uma reflexão rápida provoca contradições. Não há um jogo sequer em que o time não tenha, pelo menos, dois ou três desfalques. No mínimo. Perde-se o ídolo Jéfferson, Luis Ricardo, Diogo Barbosa... Muitos jogos sem Airton, Carli... Alguns sem Sassá. Bem ou mal, limitações à parte, a equipe mantém o nível. Reinventa Pimpão e Emerson Silva, resgata Gervásio Nuñez. Bruno Silva faz gols importantes. Acha-se Dudu Cearense, Victor Luiz e, agora, Alemão. Sobre Camilo já foi comentado neste mesmo texto.

De fato o parágrafo acima só faz sentido se acrescentarmos a magia e a força desse clube chamado Botafogo de Futebol e Regatas. E ele faz questão de lembrar o seu gigantismo a cada escolhido, a cada jogo, como neste contra o Atlético-MG. Abre 2x0, deixa empatar e espera até o último minuto, já nos acréscimos, para marcar o terceiro gol. Parece a proposição de um exercício de fé e devoção para cada alvinegro. E não deixa ser. Se o adversário pena, o torcedor também. Mas ele não desiste, e sim acredita, mesmo com sua tradicional desconfiança. Já são 50 pontos na conta! Que pena para quem sonhava em comentar sobre um novo rebaixamento do Botafogo. Não haverá mais! Nunca mais! Que pena... E quem ainda ousar duvidar? A gente depena...

Saudações alvinegras! Sem pena, vamos pra cima do Santa Cruz!

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.