O verdadeiro Fogo Olímpico...

domingo, 21 de agosto de 2016

Duas semanas de magia, euforia, emoções, decepções, vibração. Olhos ligados, coração a mil, incertezas, momentos conturbados e outros de extrema alegria. Olimpíadas? Sim, também... Mas principalmente Botafogo! Parece que o espírito olímpico contagiou General Severiano. A chama dos Jogos reascendeu o ímpeto de um Gigante, tão grande quanto os nossos heróis do vôlei masculino. O chute de Sassá no primeiro gol contra o Sport não chegou a ser uma largadinha, mas com uma boa dose de sorte subiu o suficiente para vencer Magrão. O segundo foi no oportunismo, depois de uma bomba de Emerson, tão potente quanto as cortadas de Wallace e Lucarelli. Sassá, bem como o botafoguense Bruninho, vence a desconfiança em momento importante. Se Serginho comandou o vôlei em quadra, Camilo dita o ritmo do Glorioso em campo. Sassá e Camilo, atacante e meia, se complementaram no melhor estilo Alison e Bruno.

Ilustre alvinegro, Bernardinho preza pelo trabalho e por extrair o melhor de cada um de seus atletas. Filho de um dos maiores ídolos da torcida botafoguense, Jair Ventura parece seguir por este mesmo caminho. Tal como Bernardo é ousado para mexer e tomar decisões. O novo técnico do Glorioso tem acertado bastante nesse começo à frente da equipe. Da desconfiança ao ouro, o Brasil de voleibol passou por momentos difíceis e inúmeros questionamentos. Da desconfiança ao fim da temporada, o questionado Botafogo tem um longo caminho a ser percorrido. Sem empolgação ou euforia pelas duas vitórias consecutivas, mas por que não agora inspirado pelo voleibol nacional.

O Brasil atirou e atingiu o alvo com Felipe Wu, sacou com os meninos e meninas no vôlei de quadra e de praia, arremessou no basquete, arriscou no handebol. O Botafogo atirou e atingiu o alvo duas vezes com Sassá e uma com Camilo, sacou e principalmente secou a bola no travessão do Sport, arremessou de forma organizada com a manutenção do esquema com três volantes, sem correr o risco de ser vulnerável ou defensivo demais.

Se os brasileiros remaram para a história com Isaquias Queiróz, os alvinegros continuam remando contra uma maré que tendia a ser contrária. Depois da demissão de Ricardo Gomes, o cenário de incertezas foi reforçado e ganhou um toque de dramaticidade. A opção por Jair Ventura foi uma aposta, uma opção para manter o trabalho avaliado de forma positiva pela direção do clube. O filho do Furacão, talvez, tenha o pique e a ousadia que faltavam a Gomes. Vai à luta, como cada atleta brasileiro nas competições de artes marciais. No embalo de Robson Conceição, nocauteamos a desconfiança do mundo em relação à competência para sediar um grande evento. No embalo de Sassá, o Botafogo nocauteou o Sport, a desconfiança justificável da própria torcida e mostrou competência para, enfim, vencer a segunda partida consecutiva. Um salto que para Thiago Braz valeu o ouro, e para o alvinegro representa o alívio.

O Brasil levantou esse peso de maneira sincronizada, como no bailar de uma equipe de nado. O Botafogo parece mais sincronizado, compacto, regular e eficiente. Inspirado na ousadia do pólo aquático, cuja base era botafoguense, misturando gol e água. Não chega a ser uma obra de arte, no ritmo e beleza de nossos ginastas. Ainda é preciso pedalar muito, velejar como fizeram Kahena Kunze e Martine Grael, sacar e surpreender como fez Thomaz Belucci. Enfrentar qualquer adversário como o brasileiro fez contra Nadal: sem medo, reconhecendo e carregando todo o peso de uma das mais belas histórias do futebol mundial.

Falando nisso, no palco mais famoso do esporte mundial, o futebol masculino conquistou o único título que ainda faltava. O Botafogo deu três Mundiais ao Brasil, e participou de tantas outras campanhas e conquistas. No palco onde apenas o Glorioso entre os cariocas pôde comemorar um título internacional, a camisa amarela foi retocada com dourado por Neymar e companhia numa verdadeira apoteose, que apenas os Deuses do esporte mais popular do planeta poderiam explicar. Aliás, eles parecem estar um pouco mais ao lado do Botafogo neste momento. É raro. É preciso aproveitar.

As meninas não levaram medalha, mas conquistaram o coração da torcida. O Botafogo de Jair Ventura também não ganhou nada ainda, tampouco empolgou ou atingiu algum objetivo, mas aumenta a esperança na comparação com o de Gomes. Começa, aos poucos, a ganhar o coração dos alvinegros. E isso não tem ouro algum que supere no momento. A regularidade e a sequência de vitórias são fundamentais para que o Fogão possa, enfim, se firmar na metade de cima da tabela. O que vier depois é lucro. Se nada vier, também é lucro. Com o elenco e a situação atual enfrentada pelo clube, a torcida exige apenas respeito à essa camisa.

As Olimpíadas do Rio terminam, e já conclamam o início das Paraolimpíadas. Tomara que o momento ruim do Botafogo tenha também terminado, conclamando a chegada de tempos mais tranquilos. Ou menos sofridos, que seja. Os Jogos passaram na mesma velocidade em que Usain Bolt atravessou a pista do estádio Nilton Santos. O nosso Niltão! Como um raio, ele fez história na casa do clube da mais rica trajetória, que leva o nome de um Gigante do futebol mundial. Aquele que talvez seja o maior atleta de todos os tempos consolida a carreira brilhante na casa batizada com o nome do maior lateral esquerdo de todos os tempos. Histórico! Mágico! O verdadeiro Fogo Olímpico...

Saudações alvinegras, e que essa chama de nossa equipe não se apague mais. Até a próxima!

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