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Purificação da memória
Caros amigos, o Ano Santo da Misericórdia é um convite constante à conversão de vida e, por isso, precisa deixar em nós atitudes permanentes de misericórdia, em atenção ao Evangelho que diz: “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).
A “escola da misericórdia”, portanto, tem um modelo divino: o Pai, que quer nos mostrar seu rosto misericordioso em Jesus Cristo e é constantemente recordado nas almas dos fiéis pelo Espírito Santo. A misericórdia de Deus, perfeitamente concorde com a sua justiça, é a porta aberta para a conversão dos corações, e só ela pode transformar o injusto em justo, a má vontade em boa vontade, o amor egoísta em amor fraterno.
Deus é assim: está sempre disposto a perdoar àquele que pede perdão. Além disso, mesmo antes da penitência, propõe o perdão para que seja um terreno firme que desperte a confiança do pecador, que poderá mais facilmente abrir o coração, certo de que será redimido.
Uma das lições desta escola é o que o Papa Francisco tem chamado de “purificação da memória”, já proposta pelos predecessores São João Paulo II e Bento XVI, para resolver complicados conflitos históricos de diversos países.
Assim se expressou o santo padre em seu discurso às autoridades da Polônia: “A memória boa é aquela que a Bíblia nos mostra no Magnificat, o cântico de Maria, que louva o Senhor e a sua obra de salvação. Ao contrário, a memória negativa é aquela que mantém o olhar da mente e do coração obsessivamente fixo no mal, a começar pelo mal cometido pelos outros. (...)Assim a nobre nação polaca mostra como se pode fazer crescer a memória boa e deixar para trás a má. Para isso, requer-se uma esperança e confiança firmes n’aquele que guia os destinos dos povos, abre portas fechadas, transforma as dificuldades em oportunidades e cria novos cenários onde parecia impossível” (27/07/2016).
A história de cada ser humano também precisa, em maior ou menor escala, passar por esta purificação, que rejeita fixar-se no mal sofrido e não desiste de fazer o bem a todos. Não estou falando de esquecer ou negar o passado, mas de perdão. É preciso aprender com Deus a ter um olhar mais objetivo sobre a realidade e perceber que nada se constrói sobre a mágoa, mas muito pode ser construído sobre a experiência reconciliada com os erros próprios e alheios.
Um olhar de misericórdia sobre a própria história pode ser o primeiro passo para olhar também o outro com misericórdia. Que Deus abençoe a todos!
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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