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Os fatos passados
Caros amigos, é importante percebermos nossa história como um caminho de salvação. Há muitos, como diz o Evangelho, que “jazem nas trevas” (Cfr. Lc 1, 79) porque ainda não encontraram a claridade verdadeira, Jesus Cristo, a luz do mundo (Jo 8, 12). A partir deste encontro pessoal, o homem progride de claridade em claridade até que suas trevas se mudem em luz (Cfr. Ef 5, 8).
“Caminho” é uma palavra importante no contexto do Novo Testamento, pois assim foi chamado o modo de vida dos primeiros cristãos (At 9, 2) e o próprio autor da nossa salvação, Nosso Senhor Jesus Cristo, se autodenominou “o Caminho” (Jo 14, 6). O vocábulo também aponta para esta particular verdade de nossa humanidade: a de que somos seres históricos, ou seja, seres “a caminho” da perfeição.
Assim nos ensina o catecismo da Igreja: “A criação tem a sua bondade e a sua perfeição próprias, mas não saiu totalmente acabada das mãos do Criador. Foi criada ‘em estado de caminho’ (in statu viae) para uma perfeição última ainda a atingir e a que Deus a destinou”. (n. 302) De modo que os fatos passados de nossa existência não são como blocos fechados e imóveis, situações ante as quais cabe somente uma leve nostalgia ou as lágrimas do arrependimento.
Na verdade, todos os momentos da história do homem e de toda a criação tendem a uma esperança última. Os tempos convergem para Cristo, que não deixou de existir, como se fosse um simples fato transitório, mas vive para sempre e nos espera no fim da história.
Portanto, cada um de nós é fruto de uma trajetória pessoal, construída com a ajuda de Deus e de todos os outros seres que o Criador nos dá a graça de conviver, e, sobretudo, somos resultado de sua vontade amorosa que nos ama e nos destinou para a salvação. A partir desta verdade, a vida alcança seu verdadeiro sentido, que é amar.
Penso em muitas pessoas que veem seu passado como uma barreira intransponível para o amor. Alegam que uma vida difícil ou uma situação particularmente dolorosa é motivo suficiente para a depressão e o isolamento. A todos estes digo com a força do Evangelho: Arrisquem-se a amar apoiados justamente em seus grandes e pequenos dramas pessoais! Façam deles um motivo a mais para a misericórdia! Sejam semeadores de esperança neste nosso mundo repleto de ganância e desespero!
De fato, no final definitivo da história o bem inevitavelmente triunfará, mas cabe a nós escolher de qual lado estaremos nesta batalha. Tenha fé!
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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