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E o Brasil desce a ladeira
O Brasil é um paciente em estado terminal, bastando apenas desligarem-se as máquinas para tudo se acabar. Grandes partes dos segmentos de nossa sociedade estão comprometidos e, o que é pior, sem que a população possa vislumbrar uma luz no fim do túnel. O pior é o sentimento de incapacidade a nos invadir, quando sentimos a morosidade ou a conivência das instituições que poderiam reverter tal situação.
O caso Eduardo Cunha é emblemático na comprovação do dito acima. A Câmara dos Deputados deveria ser a guardiã da moral e da ética de uma nação, uma vez ser escolhida pelo voto dos eleitores. Já está mais do que provado, que seu presidente é um dissimulador da pior espécie, usando o cargo em benefício próprio, seja na obtenção de vantagens pessoais , seja nas manobras cínicas e de escárnio para com o povo brasileiro, para se manter no poder. Mas, pasmem, ainda existem vigaristas maiores que o defendem e procuram salvaguardar seu mandato.
O STF fez a coisa pela metade, pois ao impedi-lo de continuar no cargo como presidente e deputado, permitiu-lhe atuar nas sombras, o que é muito pior. Porque, já que tem prerrogativa para isso, não mandou prendê-lo? Uma esposa que chega a gastar um milhão de dólares com supérfluos é uma ameaça para os maridos brasileiros. Já pensaram se nossas esposas começarem a exigir uma gastança proporcional? Mas, de onde vem essa grana? Do salário de deputado é que não é.
A votação na Comissão de Ética, ética?, é uma vergonha, um espetáculo deprimente, onde homens, não homens, despem seu caráter, se é que já o tiveram um dia, e mostram a sua verdadeira cara. Poderiam poupar o Brasil desse espetáculo deprimente. Ah! esqueci-me, em coma profundo, já não sente mais nada ao seu redor.
Presidida por um cidadão em prisão domiciliar, nos Estados Unidos, substituído por outro que não pode se ausentar do país, para não ser preso e alunos de um ex-presidente que já nem mora no Brasil, para poder gastar em paz a sua fortuna escusa, a CBF continua a prestar um desserviço ao futebol brasileiro.
Domingo fomos eliminados pelo Peru, na Copa América dos Estados Unidos, não passando da fase de grupos. O fato não é inédito, pois a última vez que isso aconteceu foi há quase 30 anos, em 1987, quando perdeu para o Chile. Mas o fato de não ter feito um gol sequer nas seleções do Equador e do mesmo Peru, só vencendo o Haiti, pelo enganoso placar de 7 a 1, desnuda de vez a decadência de um esporte que apaixonou milhares de brasileiros.
Hoje, qualquer jogo dos torneios europeus, é melhor que os dos campeonatos estaduais e do brasileirão daqui. Não vai demorar muito para sermos suplantados pelo futebol dos Estados Unidos. Sem perspectivas de melhoras.
Mas, o pior aconteceu mesmo no combalido estado do Rio de Janeiro. Assistimos perplexos pela televisão, a reportagem sobre a senhora Damiana Gomes Pereira, funcionária terceirizada da Uerj (Universidade do Estado do Rio de janeiro), que não recebe seu salário desde dezembro de 2015. Aliás, sem perspectivas num futuro próximo, pois o estado já informou que não tem recursos.
O mais triste é que esse mesmo dinheiro que falta aos mais humildes rola solto nos altos escalões do estado, seja no Executivo, Legislativo ou Judiciário. Alguém já ouviu falar em atraso de salários de governador, deputado ou juízes e desembargadores? O mais triste dessa situação é que a função de Damiana é de ajudar aos mais necessitados; agora, por ironia do destino, é ela que necessita de ajuda, o que, felizmente, não tem faltado tamanha são as manifestações de solidariedade e ajuda que ela tem recebido.
É preciso que o povo brasileiro entenda de uma vez por todas que nossos políticos, com raríssimas exceções, necessitam de uma punição exemplar. Isso só pode ser conseguido nas eleições, no repúdio eleitoral, portanto comecemos daqui a pouco menos de dois meses, nas eleições municipais. Digam não aos salafrários já conhecidos e só deem o seu voto para quem, realmente, o merece, são pouquíssimos, mas compete a você, eleitor, descobri-los.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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