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Após oito anos, lemos para aprender
Há um “ditado” pedagógico conhecido nos meios acadêmicos que afirma o seguinte: “até os oito anos, aprendemos a ler; depois, lemos para aprender”.
Da década de 1950 até hoje esse aprendizado mudou muito pouco ou quase nada, embora os recursos aplicados à educação tenham aumentado. Na década de 1950 os alunos aprovados ao final do primeiro ano não passavam de 52%. Esses, de fato, sabiam ler e escrever.
Atualmente, ao final do primeiro ano do ensino fundamental (antiga alfabetização), os que dominam a escrita e a leitura não ultrapassam os 48%. Na tentativa de solucionar essa questão criou-se um bloco único nos três primeiros anos procurando evitar a repetência e incrementando outras técnicas de aprendizado dentro dessa concepção de progressão continuada.
A esperança é que todas as crianças estejam lendo e escrevendo ao final do terceiro ano do primeiro segmento do ensino fundamental, quando terão completado 8 anos de idade. Teoricamente está correto porque atende ao “ditado” conhecido no meio acadêmico.
A questão crucial é que se constata, na prática, que muitas crianças não dominam a leitura e a escrita, apesar das avaliações do Ministério da Educação ao final do terceiro ano do ensino fundamental.
Questiona-se, então, sobre o que está errado. Seria o “mito” de que a criança só estuda se souber que será reprovada? Serão metodologias antiquadas ou mal interpretadas que não funcionam em sala de aula?
O fato é que esta organização chamada escola não está dando conta do recado. Mas, o que fazer? Creio que várias frentes devem ser “atacadas” ao mesmo tempo visando um só objetivo: conseguir que as crianças aprendam.
Por ocasião da existência do antigo curso “normal” as professoras concluíam sabendo duas coisas básicas: alfabetizar uma criança e saber dar aula. Se muitas crianças não aprendiam era por falta de professores “formados”.
Precisamos criar coragem para deixar quem consegue fazer com que uma criança aprenda a usar o método que bem desejar. Deixe em paz este professor. Esqueçam teorias educacionais aplicadas em outras realidades e respeitem a competência deste profissional.
A segunda coragem é analisar o que está adequado à nossa realidade, aplicando menos sofisticação teórica e mais prática objetiva, o que vale dizer que as faculdades que formam professores devem cuidar muito mais das metodologias de ensino que das teorias que discutem.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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