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Sonhos e ilusões
Caros amigos, inspirado em um texto dos santos padres, gostaria de partilhar uma reflexão importante. Diz respeito à causa de vários sofrimentos inúteis na vida de muitos discípulos e servidores de Jesus Cristo: os sonhos ilusórios.
Uma coisa são os maus projetos, que de nenhuma maneira podemos consentir desejar. Outra coisa, entretanto, são os bens que a vida nos oferece. Desejá-los não é nenhum mal, contudo, podemos desejá-los de modo errado: nisto consiste a ilusão. A este respeito diz São Gregório Magno: “os bens criados, porém, mal desejados, por serem males para nós, se transformam em flagelo”.
Podemos nos perguntar: Quantas pessoas sofrem por desejarem coisas boas, mas inadequadamente? São os chamados “castelos de areia”, que o homem constrói em suas ilusões, mas que não guardam verdadeira relação com a realidade concreta em que vive. Quantos desejam cargos, bens, prestígio e até mesmo o afeto de outras pessoas, mas fazem disso um flagelo para sua própria alma?
Quantos casais enveredam para a desunião por quererem que o cônjuge se adapte ao seu modo de ser? Ou, talvez, por não aceitarem que seus próprios sentimentos não tem mais o viço dos primeiros anos? De fato, não há recompensa para quem procura nas coisas criadas uma satisfação duradoura. Dominado pelo egoísmo, o homem se inclina para si mesmo e, aí, não encontra consolo.
Entretanto, as adversidades não devem fechar o homem em si mesmo, mas conscientizá-lo de sua perene pobreza e, assim, abrir sua alma a Deus e aos irmãos. O texto de São Gregório nos ensina a respeito: “Quando os bens criados começam a causar-nos sofrimento, o espírito assim castigado procura humildemente a paz com o Criador”.
Portanto, se nosso maior tesouro é a paz com Deus e com os irmãos, as limitações e provações desta vida devem ser um motivo a mais para dirigir-nos a Deus e ao próximo, para servir e amar. Os problemas não são muros instransponíveis, mas uma estrada aberta para o encontro com Deus e com o irmão. Nesta troca de generosidades está a alegria e o contentamento, pois é sinal de humildade.
Na verdade, nossa pobreza será sempre uma ponte para o outro, enquanto que a ilusão da autossuficiência só causará isolamento, amargura, frustração e morte. Experimente viver esta abertura, aceite as possibilidades que você tem e sirva a Deus e aos irmãos em paz!
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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