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A redação vale, mas não conta!
Alguém nega que uma pessoa que escreve bem é um assíduo leitor? Não há como negar. Só escreverá bem, com vocabulário adequado e variado, discorrendo sobre um assunto com lógica verbal, quem tem o costume de ler. Toda a educação de boa qualidade incentiva a leitura e a escrita. Haja vista a questão da leitura nos exames do Ministério da Educação para a educação básica: quem não conseguir ler as questões com extensos textos fará uma péssima prova.
A prática da exigência de uma redação é benéfica em todos os sentidos, principalmente quando se avalia um estudante para ingressar numa universidade. Quando o MEC informou que não publicaria os resultados com o valor aplicado às redações porque a correção é subjetiva veio-me à mente uma pergunta: ela é necessária ou pode ser descartada?
O MEC, por acaso, quer dizer com essa atitude que os professores que corrigiram as redações não têm discernimento suficiente para avaliá-las? Então, se servem para alguma coisa que sejam publicadas; se não servem, se a correção é subjetiva e isso significa um desvalor, que seja retirada.
O meu maior temor é que estejam querendo camuflar, mais uma vez, uma ação marcadamente tecnicista, tanto quanto se fazia na década de 1970. O mundo carece de criatividade, as indústrias desejam profissionais capazes de perceber os saltos transdisciplinares, até as confecções buscam costurar uma camisa personalizada.
Ler estas decisões depois de visitar a exposição dos impressionistas e de lá sair inundado de subjetividade é um choque diante do atraso das decisões. Ainda bem que os professores que corrigiram as redações não tiveram seus nomes publicados porque teriam o direito de processar o Ministério da Educação por serem considerados péssimos avaliadores.
Percebi a lógica, meu caro leitor: se publico uma classificação incompleta não posso gerar competições entre as várias escolas. Ao fim e ao cabo nunca saberei quem foi melhor ou pior.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
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