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O golpe de Pirro
É lamentável que uma figura pública do porte de um presidente da república, não tenha a grandeza de fazer um mea culpa. Ao invés de procurar culpados para sua própria incompetência, o melhor seria admitir que falhou e abandonar o cargo, deixando para outros, a incumbência de juntar os cacos e tentar salvar o país.
Se existiu um golpe, esse foi contra o país, contra a sociedade, com o intuito deliberado de quebrar o Brasil. Com quais intenções, por que elas existem, o tempo se encarregará de esclarecer. Foi golpe sim sangrar a Petrobrás, uma das empresas mais sólidas do país e entre as dez maiores do mundo; foi trama a corrupção a granel, dos últimos 14 anos, com o nítido propósito de se perpetuar no poder e enriquecer uns poucos; foi artimanha mentir em campanhas eleitorais sucessivas, espalhando que as conquistas sociais seriam abandonadas, se a oposição vencesse; foi truque propalar um crescimento, que hoje sabemos ter sido maquiado, já que o nível de desemprego é o maior da história recente brasileira; foi ardiloso os programas de incentivo ao ensino superior, que hoje frustram milhares de jovens que nele acreditaram.
O resultado desse tão propalado golpe é palpável, mas não é sobre a atual ocupante do Palácio do Planalto, mas contra a população brasileira. Se fosse só contra os eleitores dessa turma medíocre, estaria de bom tamanho, mas respinga sobre todos nós. Nunca na história desse país o PIB (representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos, durante um período determinado) foi negativo por tanto tempo; nunca a saúde esteve tão sucateada, entregue às traças; nunca o ensino público foi tão vilipendiado; nunca o país foi tão ridicularizado lá fora, motivo de piadas, desconfiança e desprezo.
Para culminar, sua presidente, viaja para o encontro da ONU, com o firme propósito de gritar ao mundo, que é vítima de um movimento, não militar, mas institucional. Aliás, esse discurso é valido para seus congêneres das republiquetas da América do Sul, que comungam na mesma cartilha de Dilma, e para aqueles partidários que continuam a acreditar em Papai Noel, coelhinho da Páscoa e na mula sem cabeça.
Mas reparem, a presidente viaja e o cargo é ocupado pelo vice, como em todas as democracias do mundo, já que o posto maior da nação não pode ficar vago. O procedimento do impeachment foi chancelado pelo STF, órgão máximo da justiça brasileira, quer dizer o rito do mesmo é legal. As causas que motivaram a abertura do processo de impedimento da presidente foram obra de juristas de peso, inclusive um deles, Hélio Bicudo, ex-fundador do PT, partido do atual governo. As pedaladas existiram e dizer que outros as fizeram também, é querer justificar uma transgressão das regras com outra.
O Brasil sangra, as aplicações minguaram, fomos rebaixados pelas agências internacionais de investimentos e a senhora Dilma Rousseff vai para o estrangeiro dizer que é vítima de uma trama. Esquece que se há uma coisa que os investidores mais temem, é exatamente a falta de garantias institucionais, advindas de um golpe de estado. Portanto, se no seu discurso na ONU confirmar ser vítima de um golpe, vai servir apenas para afugentá-los ainda mais.
Além disso, a presidente manchará as instituições do país e de seus integrantes, tais como o STF, a Câmara dos Deputados, a OAB e todas aquelas que chancelaram a instalação do processo de impeachment.
Se seguir essa linha, vai ferir um princípio básico de que roupa suja se lava em casa, que os problemas enfrentados pelo Brasil e sua população são um problema interno. Já pensaram se essa senhora, ao ser destituída, pede asilo político para escapar de uma hipotética punição, e dá como justificativa a sua incompetência e o seu descaso para com as próprias instituições brasileiras? Seria patético, seria risível. O “Tchau querida!” agora, é uma imposição.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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