A sociedade ganha o segundo round

segunda-feira, 18 de abril de 2016
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A VOZ DA SERRA esteve presente nos atos pró e contra ao impeachment da presidente Dilma Roussef no último domingo, 17, em Brasília, com o colunista Max Wolosker, que registrou alguns flagrantes narrados a seguir. 

Por acaso do destino cheguei em Brasília na última sexta feira, 15, dois dias antes da votação do impeachment pela Câmara dos Deputados. Os aposentados não reparam calendários nem se fixam muito em datas, mas foi uma boa opção porque me deu a oportunidade de vivenciar um dos momentos importantes que passa a democracia brasileira e sua consolidação, como forma de governo.

Logo na chegada, no aeroporto Juscelino Kubitschek, deparei-me com um piquete do MST conclamando à luta pela democracia e na defesa do emprego. Seres completamente desconectados com a realidade do país, pois a abertura do processo contra a presidente Dilma, foi embasada por juristas de peso, portanto não era golpe; além disso, os dez milhões e meio de desempregados, na minha opinião, é fruto da incompetência e da corrupção que assolam o Brasil, na era PT.

Brasília estava tranquila, pelo menos no plano piloto, já com a esplanada dos ministérios dividida em dois, por uma cerca de metal alta e um corredor com barreiras que começava nas imediações do Museu Nacional e terminava em frente ao lago do Congresso Nacional. Era proibido acampamento nesse espaço. Uma medida muito acertada, pois essa área é cartão postal da capital federal e tem de ser preservada; o lado direito foi reservado para os coxinhas (denominação de Luís Inácio) e o esquerdo para os, “pão” com mortadela.

Os partidários do Não à permanência de Dilma ficaram acampados na entrada do Parque da Cidade; os partidários do Sim, no entorno do estádio Mané Garrincha. Fui visitar ambos, antes porém comprei uma camisa double face, o que me permitiu usar o lado verde para circular entre os apoiadores do Não e o vermelho para o Sim. Brincadeiras à parte, foi uma experiência muito boa e enriquecedora. As pessoas estão mais conscientes, politizadas e se deixando menos influenciar por falsas informações, e isso, de ambos os lados.

Do lado dos partidários do Não, entrevistei o seu Edvaldo, residente em Belém do Pará que disse estar ali “por entender que o momento vivenciado pelo Brasil, com o apoio popular pode vir a mudar alguma coisa”. E continuou: “Acompanhar o impedimento da presidente Dilma, que está realizando um dos governos mais corruptos e criminosos que esse país já assistiu. Dar apoio ao juiz Sérgio Moro, ao Ministério Público e que haja uma mudança de governo. É preciso dar um basta nessa crise para que o país volte a prosperar e a crescer”, enfatizou. Estavam todos calmos, sem ânimos exaltados, num ambiente ordeiro e de confraternização.

Do outro lado, mais numeroso, onde predominava a cor vermelha, o mesmo ambiente de tranquilidade, de ordem, com discursos mais inflamados, principalmente dos membros da CUT, MST, TST, etc, preocupados com a possível perda das benesses governamentais, em defesa de sua base de apoio. Mesmo assim, me identificando como jornalista de A VOZ DA SERRA, de Nova Friburgo, conversei com muita gente, como a senhora Maria da Penha, de Belo Horizonte-MG, que garantiu estar ali para defender a soberania nacional. Disse ela “que a crise política levou à crise econômica e que a quebra da Petrobrás é fruto daqueles que querem entregá-la ao capital estrangeiro”.

Lembrei a Maria da Penha que a perda financeira da empresa tem o dedo do PT e ela alegou que é a mídia que exacerba essa sangria financeira e passado esse momento, Dilma saberá como fazê-la voltar a crescer. Pensei com meus botões desde que não surja uma outra refinaria de Passadena. Pelo menos, me passou a ideia de ser uma pessoa antenada e que procura se manter informada. Sua fonte de consulta é diferente da minha, mas que procura se informar com o momento atual.

Como não tinha condições de entrar no plenário, fui para casa assistir pela TV, o desfecho da votação. O resultado final mostrando o Sim com 367 votos, o Não com 137, além de sete abstenções e duas ausências, deu o aval da Câmara para a abertura do processo pelo Senado e o impedimento definitivo de Dilma e de um partido que mostrou a sua cara, nesses 14 anos de governo.

Mas que um espetáculo deprimente, o que mais ouvi foram votos pela mulher, pelos filhos, pelos netos, um assassinato da língua portuguesa com o fim do plural, da concordância verbal, homens e mulheres muito mais preocupados em aparecer, de conquistar eleitores, de fazer campanha num momento sério e de definição para o país. Mas para aparecer haja plástica malfeita, implantes dignos de campos de futebol de várzea, de muita tinta acaju. Pior são aqueles que, como o deputado de Friburgo, invocaram Marighela, Prestes, Olga Benário, Miguel Arraes para dizer Sim ao atual governo. Quanta besteira para tão poucos segundos.

“Tchau querida” que o Brasil reencontre o seu rumo, que esses partidos nefastos com seus líderes de papel deem lugar a uma geração de políticos que tenham o progresso do país e o bem estar e a qualidade de vida do seu povo, como a meta mais importante.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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