Crianças e adolescentes desaparecidos: como ajudar?

quinta-feira, 31 de março de 2016

No Brasil, são registrados, em média, 50 mil casos de desaparecimentos de crianças e adolescentes por ano. O estado de São Paulo detém 25% desse número, o maior índice, seguido do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Estima-se que quase 250 mil estejam desaparecidos no país.

Doze crianças desaparecem por dia em Minas Gerais. Entre janeiro de 2014 e fevereiro de 2016 foram registrados cerca de dez mil casos de menores que sumiram. É um drama que afeta milhares de famílias brasileiras.Em Minas Gerais, (dados da Polícia Civil), as cidades com maior número de menores desaparecidos são Belo Horizonte (1.653), Uberlândia (534), Contagem (529), Betim (428), Ribeirão das Neves (416) e Juiz de Fora (309). A maioria dos casos, até o momento, não teve um desfecho. Como evitar, então, novos desaparecimentos:

1 -Desdecedo, ensine à criança seu nome completo e telefone dos responsáveis; 2 - Faça, o quanto antes, a carteira de identidade de sua criança; 3 - Oriente a criança a não dar informações a qualquer estranho que se aproxime; 4 - Ensine a criança a não aceitar alimentos, falar ou sair com estranhos ou pessoas não autorizadas; 5 - Converse com o seu filho, procure conhecer os amigos dele e saber com quem fala; 6 – Fique atento ao que o adolescente e a criança fazem na internet; 7 – Não deixe uma criança pequena brincar na rua sem supervisão de um adulto; 8 – Acompanhe sempre a vida de seu filho.

Outra dica é denunciar imediatamente o desaparecimento à polícia e fazer o Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia. Existe um mito de que é preciso esperar 24 ou 48 horas para comunicar o desaparecimento. Ele deve ser comunicado de imediato. A lei federal 1.259/2005 prevê a busca imediata à partir da ocorrência policial. Leve foto atual da pessoa e algum comprovante de residência. Divulgue, o mais rápido, uma foto recente nas redes sociais, televisões e jornais. Procure o Conselho Tutelar de sua cidade. Disque 100. A ligação é gratuita.

Se você suspeita de algo, observe se há semelhanças da criança com os pais, sinais de agressão, comportamento da criança com a família (se ela demonstra medo, tensão, desconforto físico). Os médicos devem também conferir documentos do menor e dos responsáveis.

Muitos casos de desaparecimento de crianças e jovens tem relação com o tráfico de pessoas, que é um ato de violência, mas a violência propriamente dita nem sempre é empregada. Por exemplo, há casos em que a situação de vulnerabilidade da vítima do tráfico não permite que ela faça escolhas, como a situação do imigrante ilegal e ainda casos de abuso do poder. A expressão “tráfico de crianças” engloba o tráfico de meninas, meninos e jovens, o aliciamento, o transporte, o abrigo, o traslado entre uma região e outra, qualquer proposta de exploração. O tráfico de crianças e de adolescentes pode ocorrer para fins de adoção ilegal, pornografia, comércio de órgãos, casamento precoce ou trabalho forçado.

Acredita-se que o número de crianças brasileiras adotadas em Israel nos anos 80 chegou a 1500; outros afirmam que pode ter sido três mil. Na Itália foram outros milhares e isso se repetiu pela Alemanha, França, Estados Unidos e outros países. Será que as mães se conformaram em não buscar seus filhos ou é porque não sabem onde e como encontrá-los? Visite o site www.desaparecidosdobrasil.org que oferece informações do que fazer.

Saiba como agir se alguém de sua família desapareceu: 1 - Mantenha a calma; 2 – Oprimeiro lugar para procurar uma pessoa desaparecida é próximo ao local em que supostamente ela sumiu. Pergunte a todos nas imediações e aqueles que estão passando pela região; 3 – Faça rápida busca pelas delegacias de polícia, hospitais e pronto-socorros; 4 – Faça imediatamente o Boletim de Ocorrência numa delegacia de polícia, de preferência as delegacia especializadas na proteção à criança e ao adolescente (DPCA), se existirem no seu município. Não é necessário esperar 24 horas para registrar o BO. As primeiras horas após o desaparecimento são vitais para garantir a localização e proteção do desaparecido; 5 – Mantenha alguém no local onde a criança foi vista pela última vez, pois ela poderá retornar ali; 6 – Deixe alguém para atender o telefone indicado no cartão de identificação da criança, para centralizar informações; 7 -Avise amigos e parentes o mais rápido possível, principalmente os de endereço conhecido da criança, para onde ela possa se dirigir; 8 – Percorra os locais de preferência da criança; 9 –Tenha sempre uma foto atual da criança; 10 -Memorize a roupa da criança e outros detalhes para melhor descrevê-la quando precisar.

Fontes: Conselho Federal de Medicina www.desaparecidosdobrasil.org

TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.