Neuroquímica e relacionamento humano

quinta-feira, 17 de março de 2016

Somos seres interrelacionais. Em nossa neuroquímica há neurotransmissores que são liberados em condições de afeto, carinho, perdão, reconciliação, os quais não são liberados, ou não são liberados em níveis normais, em circunstâncias como isolamento social, solidão crônica, postura egocêntrica na vida e nos relacionamentos.

A endorfina, por exemplo, é um hormônio cerebral que é altamente produzido quando há atitude mental de alegria, gratidão, lutar por uma causa da qual você se orgulha e vibra. A serotonina, outro neurotransmissor, é produzido quando a pessoa nutre pensamentos otimistas, quando cultiva alegria, quando alimenta esperança. Sem falar na dopamina, na dinarfina, na ocitocina, no PEA (feniletilamina) que favorecem o bem estar mental.

Deus nos criou para vivermos em comunidade. O casamento é uma comunidade. O casamento fornece a possibilidade de ajustes em nossas crenças psicológicas centrais, pensamentos automáticos, defesas, afetividade, atuando na fisiologia. Ou seja, se você veio de uma família com muita comunicação e se casa com alguém que veio de uma família de pouca comunicação, haverá a necessidade de ajustes no casal, porque o que veio de um ambiente familiar com muito contato, vai precisar aprender a ter momentos de solidão sem sofrer com isto. E o que veio de um ambiente com pouca comunicação, vai precisar aprender com seu cônjuge como participar mais do diálogo, companhia, relacionamento mútuo e se sentir bem.

Quando se caminha psicologicamente neste sentido de ajustar o condicionamento criado nas famílias de origem, o cérebro atua com alterações na neurotransmissão para criar novos circuitos cerebrais (neuroplasticidade), para facilitar as novas maneiras de comportamento que não eram habituais em cada pessoa que se esforça e se dedica conscientemente para evoluir, crescer, amadurecer, sair da zona de conforto.

Isto tem que ver também com inteligência emocional, que depende da capacidade de entender suas emoções, entender os sentimentos dos outros, não se deixar levar pelas emoções, ter equilíbrio entre a racionalidade e a vivência dos sentimentos. O que vem primeiro, o ovo ou a galinha? Ou seja, um comportamento altera a bioquímica cerebral, ou a bioquímica cerebral produz este ou aquele comportamento? O que tem precedência: o psicológico ou o biológico?

Homem e mulher precisam complementar-se. Um precisa do outro. Mas também, ao mesmo tempo, cada um deve aprender a ser independente e entender e aceitar que para poder ter uma experiência plena que satisfaça o mais profundo do ser isto só é possível somente no relacionamento com a divindade, com o criador.

Quando há amor entre marido e esposa, o sexo pode ser melhor. Quando se perdeu o amor, o sexo fica superficial e ocorre menos produção de hormônios que dão a qualidade e até quantidade de prazer sexual. Muitos homens que procuram ter ereção usando medicamentos sintéticos, querem que seu corpo “ame” quando seu “coração” não ama. Isto não funciona para o prazer saudável.

Os pensamentos parecem promover este ou aquele sentimento. Então é importante notarmos que tipos de pensamentos mais nutrimos. E tudo isto é mediado e ao mesmo tempo influenciado pela neuroquímica. 

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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