Colunas
Ano letivo de 960 horas
Iniciaremos um novo ano letivo previsto para 960 horas-aula dentro dos parâmetros da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), onde os tempos destinados às provas finais não podem ser contados. Desde a promulgação dessa lei procura-se dizer de modo claro ou velado que não se pode fazer “maquiagem” com os dias letivos, nem com as horas letivas.
Os administradores das escolas parecem não querer ver essa questão da hora-aula e preferem seguir o “modelito” do início do século 20, conhecido como 4 x 50: cinquenta metros quadrados de espaço, tempo de 50 minutos, aprovação com 50% de conhecimento e quantidade de 50 alunos. Julgava-se que os alunos poderiam nessas circunstâncias ser manejados por um único professor e ter a concentração necessária para entender o que era ensinado.
Nós tivemos na década de 1970, no primeiro segmento do ensino básico, os tempos de recreio contados como tempos de educação e, portanto, “de aula” para compor o ano letivo. A tudo isso poderíamos somar as datas cívicas, os dias de olimpíada, de primeira comunhão das crianças, as festas juninas, enfim, maquiava-se tudo, retirava-se de cada hora dez minutos e tudo era aceito.
Hoje, parece que tudo mudou, embora haja uma série de tramoias tentando encobrir o tempo, sonegando-se períodos de ensino e aceitando-se passivamente as reprovações como fenômenos naturais sem a devida oferta para que os alunos possam aprender.
Espera-se que, com a decisão do senado em ampliar a carga horária anual, as escolas entendam que se trata de 960 horas de relógio e horas de 60 minutos. Em seguida, espera-se também que não inventem mais matérias para saturar o que já é saturado, deixando os alunos cada vez mais aborrecidos diante de tantos fragmentos de conhecimento.
Uma estratégia bastante objetiva, diante desse acréscimo, será a organização de um período de revisão a cada semestre. Que sejam, por exemplo, destinadas 80 horas para a revisão antes do recesso de meio de ano e, outro tanto, antes do término do ano letivo. Se acrescentarmos a tudo isso o tempo de recuperação que todos os regimentos escolares registram, seguramente haverá possibilidade para aumentar a cultura dos alunos, poderá surgir a oportunidade de mais leitura, mais atividade artística e mais aprendizado.
Afinal, a única empresa que admite ficar com as portas fechadas por quase dois meses, entregando um produto cheio de defeitos à sociedade, chama-se escola!
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
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