A Voz do Rio - 21/12/15

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Cada um por si

Enquanto o estado enfrenta uma grave crise financeira, “realmente as contas do município vão muito bem, obrigado”. Pelo menos é o que disse à coluna o prefeito Eduardo Paes, na semana passada. Mas apesar de afirmar que as finanças da prefeitura estão em dia, “não há verba para emprestar ao governo estadual”, reforçou.

Nikit

Do outro lado da poça, em Niterói, o município já acumula um déficit de 8.301 empregos formais, o que representa o pior cenário dos últimos 12 anos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que, desde 2003, mede o número de admissões e demissões para o Ministério do Trabalho.

UPPs

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que o programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) não chegará às comunidades do Chapadão, da Pedreira e de Costa Barros antes das Olimpíadas. Por outro lado, ele disse que, “até fevereiro ou março”, estará concluída a implantação do projeto no Complexo da Maré, que terá quatro UPPs. Beltrame ressaltou que não há previsão de ampliação de recursos do estado para a segurança pública em 2016. No entanto, ele espera que a União libere verbas para sua pasta por conta da realização dos Jogos. Sobre um eventual aumento de risco de ações terroristas após os atentados de Paris, o secretário destacou que, até agora, não houve qualquer orientação do governo federal para alteração do esquema planejado para as Olimpíadas.

Vapt e Vupt

Ninguém do governo assume, mas a preocupação com a segurança dos jogos é grande. Por isso, três agentes da Polícia Nacional da França estiveram no Rio para treinar 50 PMs de cinco batalhões. Coordenadora do curso, a tenente Anne Christine Poinchon, que estava no patrulhamento do Stade de France no último dia 13, quando Paris foi vítima de ataques do Estado Islâmico, disse que o Brasil não é um alvo do terrorismo internacional. No entanto, como abrigará um grande evento com a presença de diversos chefes de Estado, não pode ignorar o assunto. Anne destacou, porém, que o foco do treinamento é como lidar com multidões e conter protestos. Numa determinada fase do treinamento que abordava “técnicas de diálogo”, um PM brincou: “Na Cinelândia, joguei só uma bomba neles e foi ‘vapt e vupt’”. Ele se referia a manifestação dos professores municipais que pediam melhoras e aumento de salários na sistema de ensino municipal do Rio.

Trânsito

Os dados mais recentes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Ministério da Saúde, revelam o quanto é alto o número de mortes de pedestres no Rio. Em 2013, 404 pessoas morreram atropeladas na cidade, o correspondente a 68,9% do total de óbitos no trânsito, considerando-se apenas os registros em que os dados estão completos. Porque existem mais 366 vítimas, mas os documentos referentes a elas são inexatos: não informam se eram pedestres, ciclistas ou ocupantes de veículos. No estado do Rio, os pedestres representam 43,7% dos mortos no trânsito (excluindo aqueles que entram na categoria "outros", portanto não identificados). No Brasil, são 25%. E em São Paulo capital, 46%.

Resistência

Você pode não acreditar, mas nas águas bacterianas da Baía de Guanabara, cavalos-marinhos da espécie Hippocampus reidi, nativos da região, resistem em meio à poluição e podem ser considerados um verdadeiro tesouro escondido e pouco conhecido por cariocas e até mesmo ambientalistas. Mas a população que sobrevive, apesar da degradação, é pequena - pesquisadores não sabem o número exato de habitantes - e corre o risco de desaparecer, segundo especialistas. Além do esgoto e do lixo, a pesca predatória também é uma ameaça para os animais. Outra população de cavalos-marinhos está do outro lado da baía, no canto rochoso da Praia da Urca.

Campo de golfe

Depois que o prefeito Eduardo Paes inaugurou o campo de golfe dos jogos de 2016, construído na Barra da Tijuca, os comentários a respeito de que o empreendimento é alvo de uma ação movida pelo Ministério Público estadual, que contesta a licença ambiental obtida pela parceria público-privada e tenta anulá-la, correu nos bastidores. Ainda não há um prazo estabelecido para o julgamento da ação movida pelo MP, que alega que, para a execução das obras, houve uma interferência direta na área de preservação permanente, onde está localizado o campo. Ano passado, o MP sofreu uma primeira derrota, e o caso está em fase de recurso.

Menos ônibus

Um levantamento mostra que 36 ônibus foram incendiados no estado do Rio de Janeiro em 2015. E como não existe cobertura de seguro para incêndios criminosos, o prazo para reposição de um veículo - entre fabricação, montagem, entrega e licenciamento - chega a seis meses. Durante esse período de espera, o impacto estimado causado pelos ataques deste ano atinge 2,5 milhões de passageiros, que potencialmente deixaram de ser transportados. O custo de reposição dos 36 ônibus é avaliado em R$ 12,5 milhões. Dos 36 ônibus, boa parte foi incendiado pelo povo durante manifestações. Mas, esse mesmo povo, é quem reclama agora da falta dos coletivos.

Aberto para alguns, fechado para outros

Após uma maratona de 32 horas, ininterruptas, o Museu do Amanhã, inaugurado na Praça Mauá na quinta – e que contou com a presença do prefeito Paes, do governador Pezão e da presidente Dilma - mas aberto ao público às 10h de sábado, fechou as portas no final do domingo com o número de 25.473 visitantes. Horas depois, do outro lado do Rio, o Hospital da Mulher Heloneida Stuart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, amanheceu com as portas da emergência fechadas. A unidade sofre com a falta de pagamentos e repasses de verbas. Tapumes foram colocados por funcionários na entrada do setor. Em alguns cartazes colados nos tapumes, a direção do hospital informa: "Devido a escassez de recursos, a emergência desta unidade encontra-se fechada".

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Alessandro Lo-Bianco

A Voz do Rio

Pai da Valentina, Alessandro foi repórter da Band News, revistas da Editora Abril, Jornal O Dia, Portal IG e Último Segundo. Atualmente é repórter do Jornal O Globo e ventila aqui na serra, todas as segundas-feiras, um pouquinho da maresia carioca.

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