Lâmpadas ambulantes

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Observo você dormir e agradeço pela possibilidade de ter tão perto aquilo que sempre quis. Alguém por cuidar, alguém para se preocupar, alguém para compartilhar. Tudo de bom e ruim. Aturo as chatices não por aturar, mas porque me sinto importante em participar da vida de alguém que convido também a testemunhar a minha. Sem pretensão de estar na sua biografia, adentro-a com todo o esforço que tenho para ser marcante. Declaro todo o meu gostar evidenciando suas qualidades e revelo: são seus talentos que me dão o olhar de admiração mais do que o próprio gostar em si. Mas também faço manifesto público para dizer que gosto de você pelo todo e isso me faz feliz demais!

A vida não tem graça só. A vida pede que nos unamos a quem nos traz certo brilho ao olhar. Para que os dias sejam mais agradáveis. Para que as dificuldades sejam mais leves. Para que o caminho seja mais iluminado. Caminhar de mãos dadas é prazer imenso que nos faz lâmpadas ambulantes. Feixes de luz transitando no escuro. Estrelas nos jardins, nas ruas, nas horas dos dias.

Iluminados ganhamos a capacidade de iluminar. Só ilumina quem conhece luz. Eu fui apresentado à luz pelo seu olhar.

Dizem que sou insano. Mas intensidade nada tem a ver com insanidade. Sou intenso porque ilumino mais que queimo. Sou vela que derrete, sou vela que traz luz, mas não sou vela que fere ou intimida pecados. Pecado é não ser feliz. Só é feliz quem se entrega. Sou lâmpada ambulante pedindo para caminhar ao seu lado. Sou lâmpada que acende quando a sua lâmpada se liga a mim. 

Mergulhar no próprio sentimento é aceitar o milagre que Deus planta na gente. Despertado, esse milagre precisa aflorar. Não impeça as flores de nascerem no seu peito. Regue para que surja um canteiro inteiro de flores. Há de aparecer nos olhos estrelas. Se caminha pela estratosfera, queira no máximo descer até a atmosfera. Pisar no chão para que se pode andar nas nuvens?

É isso que o amor faz com a gente. O amor nos permite experimentar o que é ser humano na sua mais profunda intensidade. Faz forte ao provocar as mais iminentes fragilidades. Será que dará certo? Será que me olha? Será que me percebe? Não fuja não... A experiência de herói e vilão entorpece a respiração. Recusar o amor é a maior de todas as besteiras. É ser lâmpada que não ilumina. Lumia!   

Dirá: “A razão faz com que não se busque o amor”. Nem a razão puniria alguém assim. Pode até não buscar o amor, mas se ele entrar — deixa. Não se tire o direito de amar. Não se condene e nem condene quem te adora. Se tirar o direito de amar é a condenação mais cruel que alguém pode se dar. É automutilação. Suicídio lento. Morte em vida.

Aproveitar os momentos é a melhor maneira de viver. Mas aproveitar os momentos e prolongá-los é melhor ainda. Os momentos garantirão o amor. Concederão a luz.

Eu já ouvi sobre histórias de diversos amores. De amores frutíferos e infrutíferos. Mas os amores que perduram mesmo são os que têm conexão. A sintonia é o que sustenta qualquer amor. Quando um olhar entende o que outro diz, quando você acorda pensando em uma pessoa mesmo ela não estando ali ao seu lado e vai dormir pensando nela... O diagnóstico é claro e não há por que se negar a esse sentimento que entra invadindo nossas preces, objetivos e dias. Tem histórias que dão crônicas. Outras dão livros. E algumas poucas, coleção inteira. Esse é o destino desta história? Que tenha emoções diversas, até drama, mas pouco sofrimento e angústia. Que seja iluminada para iluminar.   

Observo você dormir e espero você acordar cantando. Minha alma já canta e espera a sua voz cantar em dueto com ela. Te faço carinho. Te demonstro fascínio. Meus dias começam melhor. Queria poder te dizer tudo. Queria que meu afeto afetasse você como você me afetou. Se eu pudesse... seria lâmpada de luz ambulante como sou quando você faz do meu nome sinônimo de amor.     

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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