Realidade feliz

sábado, 12 de setembro de 2015

— Não queria que esse sonho acabasse.

— Esta é a realidade, meu bem. É uma realidade feliz que não é sonho e por isso não acaba quando acordamos. Já estamos acordados! Não é sonho. E se é sonho, é sonho real!

Estou com uma felicidade imensa que não cabe dentro de mim. É tão imensa, tão imensa, que por mais que eu me torne imenso, ainda sim ela não cabe em mim. Meu sorriso é largo e quem me vê já diz: “Sua cara tem uma manchete de jornal estampada — a felicidade está aqui!”.

Que esse sorriso permaneça e se estenda aos seus lábios. Que os jornais possam dar essa notícia boa de que a felicidade é possível e está aqui, em mim, entre nós, para nós. Confesso que nem o melhor dos jornalistas conseguiria descrevê-la. Quero dividir essa felicidade que vem de você com você mesmo para multiplicá-la. Quero te sentir para dar sentido às coisas. Quero anunciar ao vento o que o vento me traz: faz de você sol e eu planeta que orbita na sua jornada. Ah! Esse ar de alegria contagiante é perfume bom repleto de seu cheiro.  

Que a paixão insista em fazer par com o amor. Que o presente se estenda a um futuro infinito que dure quanto tiver que durar. Só posso dizer é que quero que não acabe nunca.

Insisto. Me jogo. Voo. Me embasbaco. Sorrio. Me desvencilho. Teimo. Me arrisco. Vivo. É boa essa canção...

Eu gostei de você desde a primeira vez que te vi. O que parecia ser uma centelha, acendeu clarão. Desses que iluminam tudo tanto quanto estrela gigante, mas que não cega, não queima, não amedronta. Desde então, decidi te conquistar todos os dias da minha vida. Invento desafios para que a minha criatividade se supere e eu te surpreenda na simplicidade de quem sabe que a vida não é cinema, mas pode ser película sincera daquilo que se sente e se dispõe.

Desde a primeira vez que te vi, o primeiro pensamento do dia é você e o último também. Desde então, não sou só mais um na multidão. Há alguém que procuro. Há alguém que quero. Há alguém que me traz paz mesmo quando traz ao meu peito ansiedade dessas que se quer que o tempo passe ligeiro só para encurtar as horas. Para se ver, se ter, se vincular. Vem me completar!

Aquele dia em que te beijei e começou a chover, naquele dia eu tive a certeza que o que havia ali não era uma aventura, mas algo repleto de bênçãos abençoado. E não posso dizer que foi naquele instante em que eu me apaixonei, porque vi você desde a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar e seus passos no reflexo do lago de inverno. Quando cercado por multidões desinteressantes eu sonhei com você e você veio. Interessante demais você faz quase todo o resto ficar sem graça!

É! Descobri o universo num certo olhar. Mas, admito, quando esse olhar fica só na memória, então, fico carente. Carência boa que se aniquila no seu canto matinal e evapora quando seu peito pede meu rosto. Quando sua voz não me visita, seu eco ressoa no meu ser pedindo mais você dentro dele. Memória festiva. Se a casa está vazia me importo porque essa ausência é própria daquilo que esteve recheada de felicidade. O recheio tem seu nome. A presença é você.

Abobado. Te faço rir. Avoado. Te faço feliz. Alucinado. Te quero assim. Abraçado. Te abraço sim. Eu quero conseguir...

A ansiedade me visita plenamente, sem angústias. É que para mim parece que o mundo vai acabar amanhã. E eu não suporto a ideia de não estar com você. E eu preciso tanto de você que agora sei o preço da felicidade. E te quero tanto que mesmo te querendo muito ainda te quero mais...

— Então isso é felicidade?

— Parte da felicidade.

— Gosto mais dessa parte do que a própria felicidade inteira.

TAGS:
Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.