Colunas
O estado da rosa
Caros leitores,
Resolvi continuar o conto Sobre as flores, desenvolvê-lo melhor, trabalhar mais, talvez transformá-lo em novela, quem sabe romance. Por esse motivo, não o publicarei aqui na coluna, por enquanto. Para hoje, deixo este poema para vocês:=
o estado da rosa
Eu me despeço de tudo quanto vejo
No momento mesmo em que vejo
Porque ao ver, tudo desaparece.
Tudo o que é, quando vejo, deixa de ser,
Passa a ser outra coisa:
E aquilo que vi já se perdeu no meu olhar.
Eu fecho os olhos tentando guardar
A lembrança da rosa, como eu vi,
Como se o estado da rosa fosse a rosa,
Sem saber que a rosa em si não é botão nem flor.
(É semente?)
Só os cegos podem possuir a rosa
Porque só podem conhecê-la,
Desbravá-la.
É por não poderem enxergá-la
Que eles a possuem, ainda que secretamente.
E quando eu te vejo, quando eu te sinto,
Dentro de mim, eu fecho os olhos,
Tento ser cega, te conhecer,
Te desbravar,
Te possuir.
E de repente eu olho, não posso evitar.
Eu olho e me vejo dentro dos seus olhos,
Eu vejo e me despeço de ti.
Porque já me perdi no abismo de mim.
Eu digo adeus todos os dias,
Eu rogo a Deus que te traga pra mim...
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário