Interiorização da medicina

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Semana passada o Brasil foi tomado com a surpresa da criação de mais 2.800 vagas para os cursos de medicina, com perfil interiorano, em princípio facilitando os estudantes que habitam áreas distantes das capitais, onde estes cursos estão concentrados.

Foi uma ação conjunta do Ministério da Educação e da Saúde. Com esta medida, que se soma às anteriores, ampliando vagas em cursos existentes e cursos novos, com destaque para o que será instalado no Hospital Albert Einstein em São Paulo, aos poucos o Brasil atenderá à demanda por médicos que se disponham a procurar o interior.

Estas medidas, sob o ponto de vista de uma educação básica de qualidade, tendem a forçar os gestores municipais a investir cada vez mais na educação pública, evitando que suas cidades sejam abrigos de estudantes de outras partes que trarão benefícios somente pelo pagamento dos aluguéis e consumo local.

Quanto mais esta medida for assimilada pelos prefeitos e secretários de educação, como facilitadora da manutenção dos estudantes nas suas cidades de origem, automaticamente os investimentos na formação do corpo docente deverão refletir a vontade política do gestor.

Assim agindo, quando for terminando o tempo dos médicos estrangeiros, maioria no início do projeto Mais Médicos, os brasileiros ocuparão este espaço de modo natural e sem os alardes provocados por grupos que se posicionavam contra a chegada dos profissionais da saúde, como se fossem invasores.

Importante verificar que na segunda convocação de médicos para atender às cidades mais distantes, em torno de 4.900 médicos brasileiros atenderam à proposta e estão trabalhando pelo SUS, não necessitando o país, de buscar profissionais fora de suas fronteiras.

Como estamos na sociedade do conhecimento, será através dele que solucionaremos nossos problemas de saúde e, portanto, todas as medidas que favoreçam a melhoria do setor precisam receber o aplauso dos formadores de opinião, dos políticos e de quem tem responsabilidade administrativa.

Se o acadêmico estiver fazendo o curso de sua escolha no estado e região onde nasceu, a tendência será a de formar-se e lá permanecer. Com os de fora pode ocorrer algo semelhante, sobretudo porque muitos acabam se ajustando às novas realidades e ao desenvolvimento que caminha para muitas regiões do interior, mormente incentivado pela potência do agronegócio, pela mineração ou projetos energéticos.

Cabe aos ministérios da Educação e da Saúde, em conjunto, acompanhar a implantação e estabelecer os parâmetros das avaliações. Às instituições contempladas com cursos novos ou aumento de vagas, fazer jus à confiança nelas depositada. Aos cidadãos, aplaudir e aguardar.

TAGS:

Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.