Diálogo e comunhão se aprende na família

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Caros amigos, o tema da família sempre foi importante na caminhada histórica da humanidade e, por isso, não pode ficar à margem do anúncio do Evangelho e da vida pastoral da Igreja.

Na verdade, a família, criada por Deus por amor e chamada ao amor (Cfr. Familiaris Consortio, 11), sempre enfrentou o desafio de promover o encontro entre os diferentes. O homem e a mulher, a criança e o adulto, o jovem e o idoso habitam sob o mesmo teto familiar em uma tensão histórica que deve, entretanto, caminhar para o amor e a comunhão.

Neste aspecto, se, por um lado, reconhecemos os progressos em relação à valorização da mulher e de seu papel na família e na sociedade, e também a importância concedida ao jovem e seus verdadeiros problemas no mundo contemporâneo, por outro, é necessário também reconhecer que a vulgarização do feminino e da juventude, a banalização sexual, a violência entre sexos e gerações, o desprezo do idoso, e outros fenômenos da modernidade, foram lastimosos “passos atrás” no diálogo amoroso a que é chamada a família humana.

Esta dificuldade também se evidencia nas dúvidas e no ceticismo com que é tratada hoje a família e seu futuro no mundo. Desde Caim e Abel (Gn 4), parece que a resposta social mais fácil aos conflitos é a de “destruir as diferenças”. Talvez por isso testemunhemos a infantilização de tantos adultos, a perda da autoridade dos pais, o amadurecimento sexual precoce das crianças e as teorias contra a diferenciação sexual.

O Santo Padre, o Papa Francisco, conduz-nos a uma reflexão importante quando diz que “a remoção da diferença, na verdade, é o problema, não a solução. Para resolver os seus problemas de relação, o homem e a mulher devem, em vez disso, falar mais, escutar-se mais, conhecer-se mais, querer-se bem mais. Devem tratar-se com respeito e cooperar com amizade”. (15/04/2015)

Percebemos, então, que importantes temas hodiernos tais como a cultura do encontro, a sinceridade das relações, o amor à verdade, a educação e até a “sustentabilidade” acham-se, em primeira instância, no meio da família e só depois se desdobram na grande sociedade humana. Mas, assim como a família só resolve seus dilemas domésticos a partir do acolhimento das diferenças e do diálogo; assim também os grandes temas de nosso século não se resolverão se abolirmos as diferenças e fugirmos aos encontros entre nós. Aprendamos a resolver nossas diferenças começando pelo cuidado da família, célula fundamental de toda sociedade humana.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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