Velhos problemas, novas soluções

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Tempo de crise parece sempre o momento certo para quem, mesmo no fundo do poço, consegue virar o jogo.

Vou contar a seguir uma história real e muito, muito interessante, que descreve a capacidade de enxergar em si, os outros, e de ver um problema comum de uma forma incomum. Espero que sirva de inspiração, diante de tantos problemas que voltam a rondar nossas vidas e negócios.

Era uma vez três jovens que estavam sem dinheiro para pagar o aluguel e havia um grande evento na cidade, sendo assim a rede hoteleira estava lotada, e resolveram alugar cômodos da casa, como cozinha, quarto dos fundos, a sala da casa. Enfim, fazer dinheiro.

Na virada de uma noite, surgiu uma versão rascunhada de um site, capaz de ofertar um colchão de ar, uma cama e café da manhã.

A expectativa dos jovens era conseguir outros três jovens que se sujeitassem a repousar sobre colchões infláveis em cômodos nada convencionais de uma casa. Mas não foi o que aconteceu. Seus hóspedes foram um indiano, uma senhora de meia-idade e um pai de família.

De um engano veio a constatação de que o mercado era muito maior que eles supunham e que as oportunidades estavam muito além do que fora limitado pela necessidade imediata.

Iniciaram a corrida a investidores anjos e conseguiram levantar dinheiro na quantidade necessária para montar um site que hoje é considerado a 19ª empresa mais inovadora do mundo e que vale um bilhão de dólares no mercado. A cidade era São Francisco e a empresa a AirBnB.

O site Airbnb (air, bed and breakfast ou colchão inflável, cama e café da manhã) é líder absoluto no mercado de locação por temporada e através dele é possível alugar parte de um lugar, ou todo o lugar, e ainda lugares inesperados como iglus, castelos, casa na árvore e suítes em aviões, barcos ou trens. Outra possibilidade é alugar um celular, por exemplo, junto com o quarto que escolheu no país que quer ir.

Presente em mais de 190 países e mais de 30 mil cidades, o negócio não apenas reinventou o conceito de hospedagem (sou usuário tanto como locador como locatário), mas fortaleceu um segmento de imenso crescimento que é o de economia compartilhada, onde bens e serviços passam a ser utilizados por muitos, fracionando sua posse e seu uso, permitindo que quem tem, ganhe dinheiro e quem usa, possa usufruir de algo que não quer ter permanentemente ou não pode possuir em tempo integral.

A economia compartilhada ou consumo colaborativo está em franco crescimento, setores já sentem o peso do processo. Carros, motos, serviços, alimentos e, é claro, moradia são apenas exemplos de um caminho que parece sem volta, onde se respeita mais os recursos finitos e amplia-se, e muito, a otimização e uso de bens e serviços.

Assim reforça-se a tese de que o importante é como vemos as soluções, não como vemos os problemas. Nada mais antigo do que ficar sem dinheiro para o aluguel. Uma nova forma de resolver velhos problemas é o único caminho para gerar novas e melhores oportunidades.

Se a crise bater a sua porta, confira, serão os mesmos velhos problemas, que exigirão novas soluções.

“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”

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