Um final de semana no alto das montanhas suíças

terça-feira, 21 de julho de 2015

Quinta-feira deixei a Alemanha para trás e parti para Moutier, na Suíça, visitar os amigos que fizemos quando do encontro da Associação Fribourg-Nova Friburgo, em 1996; é uma amizade que perdura por quase vinte anos. E lá também estava reservada uma surpresa, daquelas que os turistas sonham e, na maioria das vezes, é inalcançável.

Fomos passar o fim de semana num chalé, no alto da montanha. Meus amigos fazem parte da paróquia católica de Moutier e ela possui um chalé, na pequena cidade de Crémines, reservado para retiros, festas e repouso nos finais de semana. É um sistema interessante, pois as pessoas da paróquia se inscrevem como guardiãs do chalé e passam o final de semana durante o ano ou uma semana, nas férias, tomando conta do local. Como é uma região de prática de esportes, normalmente corrida, ciclismo ou simples caminhadas, em caso de chuva forte ou cansaço os desportistas podem parar um pouco para descansar e há sempre um café, um suco ou um sanduíche para renovar as forças.

O chalé tem três dormitórios que se parecem com os albergues da juventude, pois são várias camas dispostas lado a lado, um reservado para os homens, o outro para as mulheres. Há ainda um terceiro, com uma cama de casal e um berço, para casais com filho pequeno. Tem luz elétrica, mas sem internet e televisão; o sinal de celular é precário, pois só em determinados locais ele funciona, mesmo assim para celulares suíços; o meu que é da Tim italiana tem um sinal muito fraco. Água quente fornecida pela velha serpentina à lenha que muitas casas antigas de Friburgo utilizavam e que desapareceram com o progresso: luz elétrica, aquecimento solar, etc. No mais, louças, talheres para um batalhão, além de três geladeiras; como é um lugar isolado, próximo a grandes fazendas produtoras de leite, tudo tem de ser trazido de Moutier, exceto o suco da vaca, que vem direto do produtor ao consumidor.

Mas o que vale é o contato direto com a natureza, o cheiro característico de uma fazenda, para quem gosta, a beleza visual das montanhas da Suíça com seus pinheiros característicos, onde no verão o verde forte substitui a brancura da neve invernal, o odor forte da terra quando chove, o que é frequente no verão, principalmente este ano, com um calor insuportável, 36 a 38 graus à sombra, que assola toda a Europa. Segundo a ministra da saúde da França, Marisol Touraine, num balanço provisório do número de mortes adicionais que são atribuídas à primeira semana de calor na França, de 29 de junho a 5 de julho, elas ultrapassam em setecentas, as mesmas cifras do ano passado.

Minha casa, em Castenedolo, é uma verdadeira sauna, pois estamos no segundo andar e os telhados são preparados para o inverno, que naquela região tem temperaturas de até 10 graus negativos. Se mantivermos as janelas abertas, há uma verdadeira procissão de moscas durante o dia e de pernilongos durante a noite. E lá, eles são infernais, diminutos e sem fazer barulho, verdadeiros “come-quieto”. Antes de comprar inseticida e um ventilador eu me coçava tanto que pensei estar com sarna.

Na sexta-feira, quando chegamos, a temperatura à noite estava muito agradável e nosso jantar foi típico: fondue de queijo suíço, regado a vinho branco, também suíço. Aliás, a qualidade do vinho, seja tinto, seja branco ou mesmo rosé, melhorou muito e hoje eles estão muito próximos dos vinhos italianos, franceses e portugueses, talvez os melhores da Europa.

Como nem tudo são flores, a notícia triste ficou por conta do outro casal de amigos, cuja esposa está internada com a suspeita de um câncer no osso ilíaco. Terça-feira próxima ela vai ser submetida a uma biópsia para saber se o tumor é benigno ou maligno.

Segunda-feira vou a Chambéry, na França, e depois retorno à Itália.

 

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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