Chegamos, vimos e creio que venceremos

terça-feira, 09 de junho de 2015

Vindos de Chambéry, na França, chegamos a Castenedolo. A região é uma comuna (distrito) italiana da região da Lombardia, província de Brescia, com cerca de 9.256 habitantes, onde fica nossa casa, simples, mas aconchegante. Localidade tipicamente italiana, com casas e apartamentos de no máximo dois andares. A construção mais alta é a torre da igreja, com seu carrilhão que toca as horas, as meias-horas e os quarto de hora, difundindo o som em todas as direções, durante as vinte e quatro horas. Um porre.

Talvez alguém daqui, à semelhança do ocorrido com latidos de cães em Nova Friburgo, já tenha entrado com um mandato extrajudicial contra o vigário da localidade, exigindo que os badalos dos sinos fossem amordaçados.

Estamos na fase de adaptação, pois apesar de ser uma língua latina, o italiano nos é estranho, ao contrário do francês, que dominamos com desenvoltura. Claro está que a semelhança com o português, o espanhol e o francês torna nossa vida um pouco menos complicada. Já estamos matriculados num curso de italiano e acredito que em pouco tempo teremos condições de entender as coisas básicas, tornando mais simples nossa comunicação e estadia.

Fomos convidados para um casamento, realizado no sábado dia 6, da filha mais velha do nosso amigo brasileiro, cuja família do noivo é italiana; portanto participamos de uma verdadeira festa à italiana. Vou me ater a ela, pois para mim foi algo completamente diferente do que estamos acostumados no Brasil. Em primeiro lugar, tanto a noiva em sua casa, como o noivo na dele, recebem seus convidados para um pequeno lanche, antes da cerimônia religiosa, seja cristã, protestante ou muçulmana. Depois disso, todos se dirigem para o local onde o casamento vai ser realizado e, finalmente, a festa tem início, podendo ser num restaurante, salão de festas ou em casa. No nosso caso fomos para um misto de restaurante e casa de festa.

O curioso é que não existe, pelo menos nessa região em que estamos, lista de presentes de casamento. Os convidados levam de casa um envelope contendo o valor do jantar e acrescentam mais uma quantia, uma contribuição para a viagem de núpcias ou para comprar algo que esteja faltando na futura casa. No princípio, tem-se a impressão de que além de presentear os noivos, os participantes ainda contribuem para a festa.

Mas que festa! O local situado a uns 30 km de Brescia, no alto da montanha, com um visual de tirar o fôlego e os jardins europeus de início de verão, sempre lindos. Na chegada dos convidados, umas cem pessoas, foi servido um coquetel, ao ar livre, regado a champanha; depois, já em lugar fechado, veio uma entrada em que os garçons foram servindo um prato seguido de outro tais como massas, risoto, costelinhas de porco com batatas e legumes, regado a vinho branco ou tinto. Aí tivemos uma pausa de mais ou menos uma hora, para fotografias, pequenas caminhadas ao ar livre, um bate-papo descontraído. Retornou-se, então, ao restaurante, quando foi servida mais comida variada, como carpaccio de carne, rosbife e creme de milho com costelinha, tudo acompanhado do bom vinho italiano. Para encerrar, todos se dirigiram para mesas distribuídas ao ar livre, onde vários tipos de sobremesa foram servidos, incluindo o bolo de casamento. Chegamos às duas da tarde e de lá saímos às nove e meia da noite, literalmente de bucho cheio. Na realidade participamos de um verdadeiro banquete romano.

Por coincidência, meu filho e minha nora que estavam de férias, na Itália, e também convidados, vieram de Veneza (são duas horas de trem) e acabaram dormindo no nosso apartamento, pois o último trem de volta saía às oito e quarenta da noite. Viajaram no dia seguinte, para voltar ao Brasil na segunda.

A diferença das bodas italianas para as portuguesas é que em Portugal só se vai para casa depois de servido o café da manhã, quando se tem certeza de que a festa terminou.

Mas que festa!

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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