O começo de mais uma viagem

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Quando da publicação dessa coluna já estarei ausente da cidade, iniciando minha nova jornada rumo ao velho continente. Minha ligação com a Europa é forte, sanguínea mesmo, já que sou neto de poloneses e bisneto de italianos. Na minha última viagem, fiz questão de conhecer a cidade de Prezmysl (que em polonês se pronuncia algo parecido com “chemichil”), berço da família Wolosker. Fui também ao campo de extermínio de Belzec, túmulo dos Wolosker que não conseguiram emigrar de sua terra natal, antes do início do holocausto. Depois do fim da segunda guerra, fui o único da família a ter coragem e ir prestar homenagem aos nossos mártires em seu local de suplício, consequência de uma das maiores barbáries do mundo moderno. Infelizmente a humanidade não aprendeu a lição e promoveu outras barbáries ao longo do século 20 e início do 21.

Dessa vez iremos para a Itália, mais precisamente a cidade de Brescia, para uma estadia na terra dos meus outros ancestrais. Ao contrário dos Wolosker, os Zauli emigraram para o Brasil em função das péssimas condições de vida de uma parcela importante da população europeia, na transição do século dezenove para o vinte. Por causa disso chegaram ao Brasil os suíços de Nova Friburgo, os italianos que se fixaram no sul do país e em algumas cidades de Minas Gerais, alemães, poloneses, etc. Aliás, é importante assinalar que miséria, fome, dificuldades de expansão e geração de riquezas é um fenômeno que atingiu muitos povos, sejam ocidentais ou orientais, mas dependendo da fibra, da formação e da vontade de progredir, muitos deram a volta por cima. Infelizmente, continuamos deitados eternamente em berço esplêndido e assim continuaremos ad eternum, pois o Brasil é um país predestinado ao fracasso, apesar dos recursos naturais que poderiam colocá-lo entre os países mais ricos do planeta Terra. Falta-nos educação, raça, capacidade de raciocínio e, principalmente, consciência cívica. Seremos para sempre o país do futuro, um futuro que não vai virar presente nunca.

Como ficarei longe do noticiário local, seja municipal, estadual ou federal, pois em viagens nosso foco muda bastante, e a imprensa internacional não dá muita ênfase ao dia a dia dos países de terceiro mundo, exceto aos crimes hediondos, mudarei o contexto da minha coluna. Procurarei mostrar o que é possível conhecer, sem o auxílio de excursões, do cotidiano, da história, da gastronomia, da hospedagem e, mesmo, das mazelas dos países que visitaremos, assim como todo o planejamento que fizemos para que essa viagem pudesse ser possível, apesar do preço das passagens e do cambio atual. Aliás, essa simples palavrinha, planejamento, é o nosso calcanhar de Aquiles.  Nossas autoridades não sabem planejar, vivem o presente sem pensar o futuro, pois partem do princípio que nesse futuro já poderão estar alijados do poder, ou seja falta a tal de consciência cívica. Não fosse assim coisas muito antigas, como o trânsito no Paissandu, já estariam equacionados. Estou em Friburgo desde 1977, ou seja, há 38 anos, e nenhum prefeito fez algo para solucionar aquele horror; muito pelo contrário, ele se agrava com o passar dos anos, em função do aumento da população e do material rodante. No entanto, planejar é preciso.

Aos meus colegas do jornal e aos meus amigos, um até breve. 

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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