Muito além do plano de saúde?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Difícil estrear uma coluna comentando a goleada sofrida pelo time do coração. Ainda mais, realizado em sua cidade natal, Brasília. Um time que foi escolhido - sentido, amado - por você na infância, sem a mínima influência familiar (pai tijucano, torcedor do América, avó flamenguista e mãe sem time), de vizinhos ou de amiguinhos de escola. Eu tinha 7 para 8 anos quando, ao ouvir pelo rádio - é, gente, naquela época era assim - uma goleada do Fluminense sobre um adversário, que não me lembro quem (São Cristóvão, talvez), me tornei tricolor. Isso, em 1969 (com direito a Félix, Marco Antonio, Denilson, Samarone, Cafuringa, Flávio, Lula, Mickey).

Minha paixão pelo Fluzão foi reforçada pelos vários títulos e, principalmente, pela Máquina de Francisco Horta. Vieram vários ídolos, vários campeonatos, gol de barriga, Casal 20, Romerito,  etc...etc... Veio também segunda e terceira divisões. Mas veio também Brasileirão, Carioca, craques e, recentemente, anos de equilíbrio, com alguns títulos e jogadores na seleção. E Fred na Copa do Mundo no Brasil. E a grande injustiça, tão comum entre torcedores e críticos, a ele. O "cone" sofreu, mas continuou artilheiro, do Brasileirão 2014 e do Carioca 2015. Resistiu ao assédio de outros clubes e continuou no Fluminense pós-Unimed. Mas é duro aguentar a desestruturação que o tricolor está passando: a falta de Conca, entre outros e as novas contratações, as "experiências", o técnico Ricardo...o que mesmo? Drub...não, Drusbcky, acho...

Mas voltando ao jogo Fluminense e Atlético Mineiro, do último domingo, a superioridade do Galo foi clara desde o primeiro minuto da partida. O placar de 4 x 1 foi merecido (duro admitir....) e, infelizmente para nós, tricolores de coração, é um grande motivo de apreensão. Num jogo com ares retrô, com o zagueiro Antonio Carlos e Magno Alves no time do Flu (o primeiro como titular e o "Magnata", aos 39 anos, entrando no segundo tempo), o que se viu foi a equipe mineira dominando o jogo. O excelente goleiro Victor quase não fez nada. Não foi preciso. Até porque, Dátolo, Luan, Lucas Pratto e o zagueiro Jamerson, que marcou dois dos quatro gols do time mineiro, praticamente, não deram tempo do Fluminense chegar ao ataque.  Os três pontos conquistados pelo tricolor no finalzinho do jogo contra o Joinville davam para prever um jogo difícil contra o Atlético - mesmo após a desclassificação deste na Libertadores. Mas goleada? Não, isso nenhum torcedor do Fluzão poderia admitir. Mas um pouco depois dos seis minutos do primeiro tempo, lá estava o placar: 1 x 0 para o Galo. A equipe tricolor - escalada erroneamente, a meu ver - não se encontrava em campo. Passes errados, marcação errada, bola que não chegava de jeito nenhum ao ataque. 

Veio o segundo tempo e....pouca coisa mudou. Magno Alves - que já jogou pelo Galo - entrou. Uma esperança para a torcida,13 anos depois de se consagrar como ídolo tricolor. Mas com um time desestruturado, ele pouco pode fazer. O Flu continuou envolvido pelo Galo, que aumentou o placar e, a cada jogada, mostrava superioridade. Deu no que deu. Goleada. Fred, que lutou, tentou armar jogada, chamar para si o jogo, só teve a oportunidade de marcar o gol de honra. E isso, de pênalti.  

Ainda não estou tomando Mattevitton, Guaraviton, Guaravita, ou coisa parecida, até porque, olhando com uma visão de torcedora, e não dos que assinam o marketing da empresa, a pulverização da verba destinada a esta área é bem maior do que eu gostaria. Está até na manga da camisa do Flamengo. Mas o Fluminense precisa se "desapegar" do antigo patrocinador, e procurar um caminho saudável - sem trocadilhos - para emplacar a equipe, fazendo-a crescer, sem experiências malucas e contratações estapafúrdias. Os meninos de Xerém estão aí fazendo sucesso, mas, é claro, precisam ser acompanhados e incentivados pelos experientes. O problema é que, mal despontam e são vendidos para fazer dinheiro. Vendidos, na maioria das vezes para países sem expressão no futebol. Cadê Wellington Nem, Alan e Maicon "Bolt", por exemplo? E daqui a pouco, lá se vão Kenedy, Gerson. Ah, o dinheiro.... 

Bom, só nos resta torcer para que, aos trancos e barrancos, o Flu vá conseguindo três pontinhos aqui, outros ali. Um empate com um pontinho até serve a esta altura do campeonato. Então, que venha o Corinthians no próximo domingo, no Maracanã. Torcendo para que, enfim, o "Time de Guerreiros" resolva a aparecer.

Saudações tricolores (apesar de tudo).

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