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Fevest — crise ou criação?
Curioso como o mundo trama pela derrocada. Muitas vozes se levantam para reverberar problemas, poucas para solução e quase nenhuma alardeia as boas novas.
Num mercado com crise, mudanças são naturais, reorganizações de modelos até então estáticos são imprescindíveis, e vender é tão necessário como sempre.
Como vender se há uma crise? É claro que Dilma e os 40 mensalões atrapalham muito nossa vida, e que tudo podia ser diferente, mas a pergunta persiste: como vender?!
Se o mercado de lenço vai crescer com tanto choro, é sinal que novas e muitas oportunidades vão se escancarar no mercado. Buscar novos formatos é mais do que adequado, é imperativo.
Se para quem vende o mercado muda, para quem compra também, então feiras de negócios são sim uma ótima oportunidade para novos compradores conhecerem novos vendedores; mas se engana que o simples fato de estar no lugar certo, na hora certa, resolve.
Fato, feiras de negócios podem prosperar num mercado em mudança e quem estiver nelas também, mas é preciso criar alternativas. É preciso entender que as pressões que residem na indústria são nascidas nas pressões que cercam o comércio, assim gerar novas possibilidades para o comércio, gera vendas na indústria. Criatividade e investimento em possibilidades são indispensáveis.
A importância do polo de moda íntima para nossa cidade é de imensa relevância. Qualquer movimento, seja ele verbal ou não, contrário ao seu sucesso deveria ser motivo de vergonha e banimento.
Muitas cadeias produtivas se beneficiam com a Fevest. Confeccionistas, suprimentos de enorme abrangência como máquinas, linhas, bojos, lacinhos etc. Fornecedores outros como fotógrafos, agências, hotéis, restaurantes, comércio, táxis, costureiras etc. Numa cidade onde a economia nunca aponta novos caminhos, não podemos dispor de nossos clusters como confecção, metal-mecânica, gastronomia, hotelaria...
Outro mérito do Sindvest repousa no modelo criado e implementado por ele, faz anos, onde padronizou stands e trouxe enorme conforto ao confeccionista, reduzindo drasticamente o custo (na verdade permitiu uma ação real de investimento ao participante) e elevou a competição entre os expositores a suas próprias condições, como produto, preço, prazo, e não mais aos artifícios de stands monumentais onde o foco do que se vendia se disfarçava e se perdia diante do que se ostentava.
Não consigo entender empresários olharem para a crise e se imobilizarem, assumirem uma posição do velho leão da montanha que resmungava sem parar: “Oh vida, oh azar!”. Não existe momento mais propicio à exposição, à criação, à inovação do que a crise. Não existe iniciativa mais acertada do que estar diante do mercado e tornar-se alvo de seus olhares e necessidades. Se o mercado venderá menos calcinhas, conjuntos ou sutiãs importa, mas pode importar menos se a sua empresa vender tanto ou mais do antes, e não há melhor caminho para cumprir tal profecia do que jogar-se diante do mercado com criatividade e coragem.
Investir em visibilidade, em possibilidades, é o único antídoto a uma crise, e não mover-se nesta direção é trazer para si a crise, é se autoinstitucionalizar em crise.
Talvez na verdade seja isso. Talvez o pessimismo que move tantas vozes tenha tomado mais que suas gargantas, tenha tomado seus corações e mentes, e a crise esteja dentro destes. Impedindo a criatividade e a coragem que fez de empresários, empresários!
Tudo que sei e que vejo é que o mercado que muda, sempre escancara oportunidades. E a pergunta “como vender?” se responde com iniciativa e criatividade; diante de crises e oportunidades é preciso fazer diferente, mais e melhor. Fazer parte da mudança é a única possibilidade de estar próximo das oportunidades e longe dos problemas.
“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”
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