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Os cuidados para com a aposentadoria
Terminado o ciclo da medicina em minha vida, começo uma nova etapa, agora como jornalista em tempo integral. Nesses seis anos de aposentado no serviço público federal e a meia carga em meu consultório particular desde 2013, aprendi que o importante para quem pensa em parar é ter ou planejar uma atividade, mesmo que não seja remunerada. Isso é difícil, pois poucos são os profissionais que conseguem se manter com as migalhas que lhes paga o maior sanguessuga brasileiro, o próprio governo.
Salvo desembargadores, juízes, o judiciário em geral e os políticos, cidadãos como outros quaisquer, mas agraciados por benesses na maioria das vezes imerecida, a vida financeira de um aposentado é difícil. Aliás, como na maioria dos países, seja de primeiro mundo ou de terceiro, aposentadoria tornou-se punição e não um prêmio para quem trabalhou por mais de trinta e cinco anos, no caso do Brasil, contribuindo religiosamente, como se lhes é imposto.
Essa condição, aposentado e duro, é cruel, pois obriga uma parcela importante da população a voltar ao mercado de trabalho, prejudicando os mais jovens, recém-saídos das faculdades ou de cursos profissionalizantes, mas sem a experiência dos mais velhos. Resultado: o índice de desemprego entre aqueles que estão no começo de suas vidas produtivas é muito alto. No caso específico do Brasil, a gastança desenfreada dos últimos 13 anos, nos governos de Luiz Inácio e de Dilma Rousseff, causou uma desaceleração na nossa economia, com PIB (Produto Interno Bruto) negativo, nos colocando em plena recessão. O mensalão (graduação) e sua pós-graduação, o petrolão, jogaram o país numa das maiores crises financeiras e de credibilidade desde sua descoberta por Pedro Álvares Cabral, o maldito. Maldito por ser o responsável pela crise na Petrobras, pois se tivesse passado ao largo, não teríamos sido descobertos e, consequentemente, não teríamos Petrobras. A desdita da nossa empresa petrolífera não foi culpa de Fernando Henrique, como quis fazer crer Dilma, e sim nosso descobridor.
O famoso medo da aposentadoria a acometer muitos dos que estão prestes a descalçar as chuteiras é exatamente a perspectiva de um final de vida sem o que fazer, improdutivo, vazio. Tomemos como exemplo um chefe de família que sai para o trabalho às sete da manhã e só retorna às sete da noite; imagine esse mesmo cidadão de pijama, sem o que fazer, zanzando pela casa a importunar mulher, netos e vizinhos e ainda por cima, teso. Para manter o seu equilíbrio, ou volta para o mercado de trabalho, ou arruma uma atividade que lhe seja agradável e restitua-lhe o sentimento de ser útil e necessário, ou enlouquece. Pode ser uma atividade não remunerada, como o engajamento em organismos de ajuda, sem fins lucrativos, cuja finalidade maior é prestar solidariedade aos necessitados. Se houver disponibilidade financeira, o viajar é uma ótima opção. No tempo em que se trabalha, qualquer viagem tem duração limitada, pois as férias de um simples mortal não ultrapassam os 30 dias; já o aposentado pode programar escapadas mais longas cuja preparação também requer tempo, pois o planejamento é essencial nessas ocasiões. Alguém poderá dizer que não se pode viajar o tempo todo e estaria coberto de razão. No entanto, o que o aposentado mais tem é tempo para se planejar e dentro de suas possibilidades, desfrutar de um final de vida prazeroso e com qualidade. Mas o essencial é uma vida saudável, onde as medidas preventivas devem exercer um papel importante, na realidade são uma necessidade. Aposentado e sem saúde é uma mistura para lá de explosiva.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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