Maluf

sábado, 24 de janeiro de 2015

Tem dias que você levanta e o ar está pesado, tá tudo estranho e não tem explicação. Você consulta o horóscopo que diz dia propício para grandes transformações. Vou pro trabalho, não tem outro jeito. 

Secretária – Telefone do Roberto Medina, é urgente! 

J.A.  – Diga lá, meu chefinho, qual é a boa? 

R. M. – Larga tudo e vem pra cá, tem uma bomba. 

J.A.  – Dê as ordens. 

R. M. – Peguei o Maluf e precisamos fazer o jingle. 

J.A.  – Olha Roberto, tenho uma ideia. Precisamos fazer algo diferente, nada de marchinha e sambinha. O candidato tem uma rejeição muito grande e precisa de um diferencial que comova. Vamos fazer uma balada bonita, uma declaração de amor a São Paulo, temos que gostar dele. E foi criada a balada moderna. 

 

Canto – Eu amo um lugar 

Meu estado de amar 

Que brota do chão 

Meu grande país 

Vibrei coração 

Você vai voltar 

Pra gente ser feliz 

Desta vez eu sei 

Que vai ser diferente 

Porque a gente quer 

E batalhar pra vencer 

E ter um grande desafio 

Pra encarar 

São Paulo é Paulo 

Porque Maluf é o meu voto vendedor 

Pra frente 

São Paulo, por São Paulo 

Meu amor! 

Os cantores interpretam como se fosse um show ao vivo, alternando os solos com contracantos, tudo na maior emoção. 

Terminada a gravação, vem a notícia, Roberto Medina foi sequestrado. 

E o que eu faço agora? Sinto pelo amigo, a televisão não para de falar e eu sem saber o que fazer. 

Passados uns dez dias, o Duda Mendonça me toca. 

Duda – Pode me entregar o material, o Maluf pediu pra eu assumir a campanha. 

E assim foi feito. 

O jingle foi premiado pelo colunista como o melhor do ano. Depois de muitas conversões o Medina foi solto, pagando um alto resgate. 

E no fim das eleições o Orestes Quércia derrotou o Maluf e foi eleito governador de São Paulo. 

Nem sempre o melhor jingle elege um candidato. Quem se elege, é ele, o candidato. O jingle, às vezes, ajuda.

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Jorginho Abicalil

Jorginho Abicalil

Recado de Jorginho Abicalil

Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.

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