Herpes Zoster

terça-feira, 31 de março de 2015

Com minha mulher acometida pelo Herpes Zoster, no início da semana passada, resolvi fazer uma atualização sobre a doença, uma vez que essa patologia não é incomum e tende a aumentar sua incidência. Isso decorre do fato de ser causada pela baixa imunidade, daí ser mais comum em idosos (em geral acima dos 60 anos) ou em pessoas com acometimento do sistema imunológico, como os portadores do vírus HIV, nos pacientes portadores de doenças crônicas ou naqueles que são submetidos à quimioterapia. Um dos efeitos colaterais da quimioterapia é uma baixa do sistema imunológico, com o risco do aparecimento de infecções oportunistas.

Apesar de ser causa de duas doenças distintas, a Varicela (Catapora) e o Herpes Zoster, o agente causador é o mesmo, o denominado vírus Varicela-Zoster. Aliás, suas manifestações são completamente diferentes, assim como as faixas etárias mais suscetíveis. A Catapora acomete o corpo inteiro e às vezes até dentro da boca, com o aparecimento de lesões em forma de vesícula, isto é, pequenas bolhas cheias de líquido, cercadas por uma área avermelhada característica de inflamação. Além disso, essas lesões causam muita coceira quando, mais tarde, aparecem as crostas em substituição às vesículas. Já o Herpes Zoster tem manifestação diferente, que necessita de uma explicação para se compreendida. 

Com o desaparecimento dos sinais e sintomas da Varicela o vírus não é eliminado, permanecendo adormecido no organismo, principalmente nos gânglios nervosos, com mais frequência nas cadeias cervical e medula espinhal. Como o sistema imunológico dos jovens e adultos, de maneira geral, funcionam a todo vapor, sempre que esses agentes patológicos tentam ganhar a corrente sanguínea, os anticorpos específicos protegem o organismo de uma nova infecção de Varicela. 

Assim, quando existe uma baixa do sistema imunológico, o que é comum nos adultos acima dos 60 anos e nos imunodeprimidos, os vírus Varicela-Zoster migram dos seus locais de incubação para a pele, onde desenvolvem os sintomas do Herpes Zoster. No início eles são inespecíficos tais como febre, dores de cabeça, coceira, ardência e muito mal -estar. Três a quatro dias depois, a pele fica avermelhada, muda de textura e de aparência, pois fica mais áspera; em seguida aparecem as vesículas em uma faixa seguindo o caminho do nervo afetado. Na maioria dos casos atinge apenas um lado do corpo, principalmente a região do pescoço, torácica e lombar, raramente a face. No entanto, quando essa é comprometida, se faz necessário a consulta a um oftalmologista, pois tanto a córnea quanto a retina podem ser comprometidas, com risco de perda da visão. Um dos sintomas que mais incomodam o paciente é a dor, em função do acometimento da bainha nervosa (neurite herpética); essa dor pode persistir após a cura, por causa da neurite pós-herpética.

O tempo de duração da doença é de mais ou menos 15 dias, após as vesículas se transformarem em crostas até seu desaparecimento total. Não é comum haver reinfecções, apesar de a literatura médica mostrar recidivas em menos de um por cento dos casos. Se isso ocorrer, vale a pena realizar exames específicos para afastar possível persistência de uma baixa imunidade. 

Existe tratamento, que deve sempre estar a cargo de um médico com conhecimento da doença, como clínicos e infectologistas. Isso porque, apesar dos antivirais existentes nas farmácias não terem restrição de vendas, os casos mais graves podem requerer internação para a utilização dos antivirais por via endovenosa.

No caso da minha mulher, o comprometimento foi na face, com edema importante, principalmente da região palpebral, mas, felizmente, sem comprometimento tanto da córnea como da retina. Mas quem a visse no período agudo da doença pensaria em me enquadrar na lei Maria da Penha, tamanha foi a inchação.

A título de esclarecimento, o Herpes Simples, que acomete mais lábios e região genital, é uma doença completamente diferente.


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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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