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Dois milhões de brasileiros repudiam a era PT
terça-feira, 17 de março de 2015
Meu saudoso avô usava uma frase muito adequada para designar pessoas com a consciência de não estarem agradando. Dizia ele que "tinham cara do cachorro que havia se comportado mal na igreja”. Essa foi a sensação que me passou a presidente do Brasil, após o sucesso do movimento de repúdio da população brasileira ao seu governo e à corrupção a ele atrelada; afinal, segundo a imprensa, foram mais de dois milhões de brasileiros nas ruas em várias capitais e cidades menores do país. Um movimento pacífico que não tinha classes sociais, mas o distinguia da maioria dos eleitores de Dilma e do PT, pois se tratava de pessoas informadas e antenadas com a grave crise por que passa o Brasil e, mais surpreendente, cheia de cabelos brancos da experiência a mostrar que os cidadãos mais maduros chamaram para elas a responsabilidade de salvar o país. Aliás, foi um movimento pacífico onde os baderneiros, a soldo do PT, não tiveram vez.
As pessoas alienadas ou beneficiárias dos projetos assistencialistas desse mesmo partido simplesmente se omitiram, ou por desconhecimento do grave momento por que passamos ou por respeito a outro ditado popular que diz que não se deve desdenhar de quem nos dá de comer. Essas pessoas têm todo o direito de assim proceder, mas o que é de se estranhar são as declarações de determinados ministros da situação, ao tentarem atribuir o sucesso do movimento de domingo à elite branca, inconformada com o resultado das urnas em 3 de outubro do ano passado.
Em vez de ir para a televisão advertir a população de que a desestabilização é um risco, como se o objetivo primordial da marcha de 15 de março fosse esse, nossa presidente deveria de uma vez por todas entender que o Brasil não é a Venezuela e que os brasileiros não aceitam essa farsa de ópera bufa protagonizada por Maduro e seus comparsas, nem pelo esgar insano do presidente do Equador, Rafael Correa. Diga-se de passagem, que esse cidadão, através de bolsas, estudou na Europa e nos Estados Unidos, daí não se entender seu discurso belicoso contra os americanos.
A Venezuela é sim um risco para a estabilidade das republiquetas da América Latina, há muito longe dos regimes ditatoriais, mas que nos rondam diuturnamente. Devemos ter sempre em mente que Chaves, o Hugo, alterou a constituição venezuelana para se manter no poder, manobra seguida pelos seus coirmãos boliviano e equatoriano. A presidente da Argentina bem que tentou seguir o mesmo caminho, mas teve suas aspirações barradas pelo parlamento portenho, felizmente.
Na terra de Cabral, Luís Inácio, após oito anos, deu a vez para Dilma, que se reelegeu por mais quatro anos, ou seja, 16 anos de um governo com a mesma orientação, em que os fins justificam os meios. A perpetuação do poder, em que mensalão e petrolão foram uma maneira de comprar consciências para permanecer para sempre no comando. Aliás, isso não nos é de todo estranho, pois a nível municipal tivemos um episódio semelhante, em que o prefeito e seu vice na eleição seguinte tentaram inverter suas posições para permanecerem mais quatro anos à frente do palácio Barão de Nova Friburgo. Felizmente, no nosso caso, não se tratou de uma manobra contábil e sim de uma tentativa de reinterpretar a constituição.
A mobilização de 15 de março foi uma forte evidência de que o brasileiro, enfim, resolveu dar um basta nessa zorra em que nos transformamos. Foram dois milhões de cidadãos nas ruas, número que seria muito maior, não fosse o medo de muita gente da repetição das arruaças de 2013, única maneira que o partido da situação encontrou para abortar os movimentos reivindicatórios.
Dessa vez, ao que parece, nossa presidente vai ter de dar a mão à palmatória, descer da sua empáfia e arrogância e mostrar serviço. Não com manobras eleitoreiras como a tentativa de aumentar o valor da bolsa-família, diminuir a conta da energia ou enganar os menos esclarecidos com a falácia de que nossa economia vai de vento em popa. Ou governa para toda a nação sem distinção de classe, pois ricos e pobres necessitam um do outro, daí sermos um país e não um bando de antagonistas, ou pede para sair e nos deixa em paz. Que venha a público explicar o remédio amargo do ajuste fiscal e reconhecer o fracasso dos seus quatro primeiros anos de governo. Não sei se conseguirá, se levarmos em conta o nível de seus partidários; aliás, na filmoteca internacional temos "Simbad, o marujo” e mesmo "Simbad, o marujo trapalhão”. Dilma tem como líder do PT, na câmara federal, "Sibá, o maluco”.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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