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Brasileiro condenado à morte é fuzilado em Jacarta
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Papel lamentável feito pela presidente Dilma Rousseff no caso do traficante Marco Archer Cardoso Moreira, condenado à pena de morte, executado na Indonésia à meia-noite de domingo. Dilma esqueceu que na Indonésia, país sério, as leis são editadas para serem cumpridas, ao contrário do Brasil, onde são simples figuras decorativas ou de retórica. Aliás, se fosse aberta uma exceção para o brasileiro, teria de sê-lo para os outros estrangeiros condenados à morte pelo mesmo crime e aí estaria aberta a porta para o tráfico internacional. Marco, malandro típico da terra de Cabral, jogou com a possibilidade do famoso jeitinho brasileiro e trocou sua vida por míseros 10.500 dólares. Não creio que essa tenha sido sua primeira vez, pois segundo a imprensa ele fazia com frequência a rota Brasil-Indonésia.
Não cabe a um país da América do Sul, mergulhado num mar de lama de grandes proporções, julgar países solidamente constituídos, nem as suas leis, daí a chamada do embaixador brasileiro em Jacarta ter sido um ato desproposital, sem efeito prático nenhum. Além do mais, falar em nome da sociedade brasileira é outro disparate, pois muitos não apoiam a opinião da presidente, inclusive acham que a pena capital deveria ser adotada no Brasil, pelo menos nos crimes bárbaros cometidos pelo tráfico.
Numa hipótese remota do presidente Joko Widodo ter comutado a pena para prisão perpétua, o Itamaraty não olvidaria esforços para que ela fosse cumprida aqui. Como no Brasil ninguém pode ficar preso por mais de 36 anos, muito em breve Marco Archer estaria em liberdade, voltando às suas origens. Além do mais, não procedem algumas defesas em prol de sua vida, que afirmam ser o seu um crime menor, cuja pena é desproporcional. Não cabe ao Brasil fazer esse tipo de julgamento, pois seria intervir na política interna de um país, além do que o traficante é tão pernicioso como o é um assassino comum. Um jovem drogado é uma ameaça permanente para sua família e para a sociedade, podendo contribuir para o aniquilamento de um núcleo familiar.
A Indonésia tem leis rígidas e quem se dispõe a visitá-la, seja a trabalho, seja por turismo ou com o objetivo de lá residir deve se adequar aos costumes locais para evitar dissabores futuros. Como diz um famoso samba brasileiro, quem desafia o poder constituído "é ruim da cabeça ou doente do pé”. Ou ambos.
De acordo com a Wikipédia, o país tornou-se independente em dezembro de 1949, tem uma população de mais de 230 milhões de habitantes, o que o coloca como o quarto mais populoso do mundo e o primeiro entre os países islâmicos; Jacarta, sua capital, tem uma população de cerca de 10 milhões de pessoas. É a maior economia do Sudeste Asiático, faz parte do G20, grupo das principais economias do planeta. O produto interno bruto (PIB) estimado da Indonésia, em 2012, foi de cerca de um trilhão de dólares, com um PIB nominal per capita em 3 797 dólares. Em junho de 2011, durante o Fórum Econômico Mundial sobre a Ásia Oriental, o presidente da Indonésia disse que o país estará entre as dez maiores economias do mundo até a próxima década. Se fosse uma nação esculhambada como várias republiquetas da América do Sul o são, jamais aspiraria atingir esse patamar. Essas informações deveriam servir para que Dilma e sua turma repensassem o modelo que tentaram impor ao Brasil, apesar de que dificilmente pau que nasce torto se endireita.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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