OBSERVATÓRIO - 17/01/2015

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
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Hoje é dia de crônica

 

Se o amor não vier pra mim

Será que o amor escolhe para quem quer existir? Esse eu visito, aquele não conheço... Já para esse eu me apresento, mas daquele eu fujo. O amor, às vezes, parece um moleque danado que confunde a gente. Por outras é um anjo que abre as suas asas sobre nós, mas que nossa falta de fé impede que percebamos sua existência. Eu não sei. Sinceramente eu não sei. O que sei é que faço prece para que o amor exista para mim. Que me escolha no meio dessa multidão toda. Por hora, estou preparado para que o amor venha para mim. Estou atento. Mas e se o amor não vier para mim? 

Ah! Se o amor não vier pra mim... Ainda assim vou esperar. Sei que a esperança diminuirá, mas também sei que por vezes ela aumentará ao ponto de cessar, perante o alcance do que se quer. Sei também que vou me enganar e espero que esses enganos sejam no mínimo divertidos.

Não estou com uma parabólica na cabeça, ainda que tenha colocado um satélite no coração para encontrar, em algum lugar, esse amor que espero e que me aguarda também.

E se o amor não vier para mim... Continuarei a procurar na vontade de também ser achado. Até lá, vou cantar sem contabilizar quantas canções canto. Também não vou contar quantas poesias escrevo, rasgo, esqueço e torno a escrever. Se ao fim de tudo o saldo for esse, no mínimo terei acumulado um punhado de poemas. Se bons ou ruins? Dispenso a avaliação.

E se o amor não vier para mim, ainda assim celebrarei a insanidade, porque todos os caminhos levam ao infinito. O infinito é sempre o fim e este é o único fim certo. Não pretendo me explodir por dentro de infinito, mas se as estrelas puderem entrar no meu peito saberei que sobreviverei mesmo se o amor não vier para mim.

Continuo aqui. Observando. Vivendo mais do que caçando. Ando enquanto espero. Aguardo enquanto sonho. O mundo confabula e dele eu faço fábula. O céu despenca ao chão e não temo se serei esmagado. Meu coração, por vezes, esse sim, fica em pedaços. Mas suas migalhas se juntam novamente e sempre para se iludir de novo e de novo até o dia que pode nunca existir — estar completo.

Se o amor não vier para mim... Serei esse solitário acompanhado pelas multidões. Permanecerei esse andarilho por corações errantes ao mesmo compasso que meu coração também pulsa sem direção, sem ocupar e ser ocupado.

Persistirei na procura sabendo que o cansaço bate e abate passarinho que não tem árvore para pousar. Nem só de aventura dá para viver. Aventura por aventura tem prazo. É preciso aventura com objetivo, compartilhamento e razão. Esse amor que a gente procura vaga por aí em algum lugar. Eu peço, só peço que se mostre porque eu quero e preciso o quanto antes.

Tem sorriso querendo sair dos meus lábios. Tem lágrimas boas suplicando para molhar os meus olhos. Meu coração quer disparar e minhas pernas, tremer. Quero cuidar de alguém que eu possa chamar de meu para dividir o tempo, ampliar os sonhos, testemunhar sua história. Quem é que não quer?

Se me falta atenção, que eu possa estar mais atento. Se me falta encanto, que eu possa cantar e cantar melhor e mais alto. Se me falta oração, que eu faça prece com ainda mais fé. Que me vista o dom da profecia para encerrar essa espera. Que o amor me veja e se achegue no meu colo. Não tenho muito para falar, tampouco para contar sobre amor. Porém, estou repleto de expectativas, fantasias e surpresas.  

E, se ainda assim, o amor não vier para mim? Quando eu desistir de procurar, que o amor ainda queira me encontrar. 

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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